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UE descarta aumento de refugiados após intervenção francesa no Mali

De acordo com a comissária europeia Kristalina Georgieva a intensificação dos combates não afasta civis para os países vizinhos no momento

Bruxelas - A intensificação de combates no Mali após a intervenção militar francesa não provocou um fluxo maior de refugiados aos países vizinhos até o momento, mas a situação humanitária é muito difícil em várias cidades do norte, declarou nesta sexta-feira a comissária europeia Kristalina Georgieva, em seu retorno de Bamako.

"As pessoas que deixam as zonas de combates são tantas, entre 6.000 e 8.000, o que não é muito se levarmos em conta o número de refugiados e deslocados diante da nova ofensiva militar" para expulsar os grupos armados deste país do noroeste da África, informou Goergieva à imprensa.



"Mas aqueles que partiram disseram que outros seguiriam seu exemplo, argumentando que os preços dos alimentos e dos combustíveis aumentaram de forma substancial", nas cidades de Gao ou Tombuctu.

[SAIBAMAIS]Após uma visita de três dias ao Mali, Georgieva se disse preocupada pela "dificuldade crescente em entregar ajuda".

"Várias organizações com que trabalhamos me disseram que era cada vez mais difícil executar suas tarefas. O exército me pede a autorização para se dirigir ao norte e com a ofensiva atual, é muito difícil fazer a ajuda chegar", acrescentou.

A União Europeia anunciou esta terça-feira o desbloqueio de 20 milhões de euros suplementares de ajuda, sobretudo para lutar contra a desnutrição que afeta milhões de pessoas, a maioria crianças.

Três semanas depois de iniciada a intervenção militar no Mali, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) avaliou que até 23 de janeiro foram registrados 5.486 refugiados na Mauritânia, 2.302 em Burkina Faso e 1.578 no Níger.

A agência da ONU avaliou na semana passada que se a situação piorar, poderiam ser registrados 700 mil deslocados no país nos próximos meses.

Até agora, cerca de 144 mil pessoas no total tiveram que deixar seus lares rumo a países vizinhos - 54.000 à Mauritânia, 52.000 ao Níger e 38.000 a Burkina Faso -, "mas muitos mais vão seguir, temerosos das represálias".

Georgieva alertou sobre alguns boatos de "ressentimentos e vingança" entre a população, historicamente enfrentada por divisões étnicas.

As advertências de que a situação no país africano se deteriora continuam chegando.