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Partidários do regime sírio participam em oração, opositores protestam

Os opositores, por sua vez, se manifestaram para reclamar a queda do regime.

Beirute - As autoridades sírias elogiaram nesta sexta-feira a afluência em massa às mesquitas depois que, na véspera, foi realizado um chamado para participar em "uma oração de um milhão de fieis" pela volta da segurança ao país em guerra.

Os opositores, por sua vez, se manifestaram para reclamar a queda do regime.

Enquanto os dois grupos tentavam mobilizar seus partidários, as tropas do presidente Bashar al Assad bombardeou pelo sexto dia consecutivo a cidade de Homs, chamada "capital da revolução", no centro do país.

A imprensa informou sobre uma participação popular em massa na oração para pedir a volta da segurança. A TV estatal mostrou imagens de fieis celebrando a oração semanal muçulmana em várias mesquitas de Damasco.

Em um sermão transmitido pela televisão estatal, o xeque pediu que rezassem pela volta de segurança e implorou a Deus para afastar os inimigos da Síria, ante centenas de fieis.



E, como a cada sexta-feira, desde março de 2011, os opositores ao regime realizaram suas manifestações por todo o país.

"Na Síria, há duas partes em conflito: os que tentam sobreviver e um regime que tenta arrasá-los", proclamava um cartaz em Kafr Nabal, na província de Idleb (noroeste).

Nesta sexta, a aviação síria também bombardeou a periferia de Damasco, no mesmo dia em que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou sobre a chegada de 6.400 novos refugiados sírios à Jordânia nas últimas 24 horas.

Na quinta-feira, 4.400 refugiados chegaram à Jordânia e outros 2.000 se dirigiram ao país durante a noite, indicou Melissa Fleming, que ressaltou "o número recorde de refugiados, 30 mil desde o início do mês", que chegaram nas últimas semanas à Jordânia.

No terreno, os caça-bombardeiros entraram em ação dirigindo seus ataques especialmente contra Guta Oriental, uma região próxima a Damasco onde os rebeldes instalaram suas bases de retaguarda, indicou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede na Grã-Bretanha que se informa através de uma rede de militantes e médicos.

Durante a madrugada desta sexta-feira, um camicase da Frente jihadista Al-Nusra detonou seu veículo em Saasaa, a 40 km de Damasco, matando ao menos oito membros dos serviços militares de inteligência, segundo o OSDH, que informou que este balanço poderia aumentar, já que há feridos em estado crítico.

Ao mesmo tempo, um segundo terrorista suicida lançou seu carro contra uma barreira do exército, matando e ferindo vários soldados, acrescentou a ONG, que não pôde fornecer um balanço preciso do número de vítimas.

Já a agência oficial Sana se referiu a "um atentado terrorista em Saasaa" que deixou "mortos e feridos", sem fornecer mais detalhes. O regime compara os rebeldes a terroristas armados e financiados pelo exterior.

A revolta na Síria começou em março de 2011 no contexto da Primavera Árabe. Começou com manifestações pacíficas que pediam mais liberdades, antes de se radicalizar, exigindo a queda do regime.

Diante da repressão sangrenta dos protestos pelo regime, a oposição se militarizou e o país segue afundado em um conflito armado que deixou mais de 60 mil mortos em 22 meses, segundo a ONU.