Seul - A Coreia do Norte ameaçou nesta sexta-feira (25/1) a Coreia do Sul com represálias físicas caso se associe às novas sanções votadas nesta semana pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. O anúncio foi feito pelo Comitê norte-coreano para a Reunificação Pacífica da Pátria, um dia depois de informar a intenção de realizar um novo teste nuclear, um desafio aos Estados Unidos, seu "pior inimigo", e às sanções da ONU após o lançamento em dezembro de um foguete considerado por Washington como um míssil balístico.
Um novo teste nuclear norte-coreano seria o terceiro, depois dos realizados em 2006 e 2009 que respondiam já na época às sanções votadas na ONU depois dos lançamentos de foguetes. Na resolução, o Conselho de Segurança expressou "sua determinação em adotar medidas significativas no caso de um novo lançamento ou teste nuclear norte-coreano".
De acordo com os princípios da resolução, Washington adotou novas sanções contra entidades ou indivíduos acusados de contribuir para seu programa nuclear militar. "A declaração da Coreia do Norte é uma provocação desnecessária", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, acrescentando que um novo teste nuclear seria uma violação significativa das sanções da ONU e isolaria Pyongyang ainda mais.
O secretário de Defesa, Leon Panetta, ressaltou, por sua vez, que os Estados Unidos estão plenamente preparados para encarar um teste como esse. O governo americano informa que estas medidas respondem à resolução 2087 do Conselho de Segurança da ONU votada na terça-feira após o lançamento de 12 de dezembro.
[SAIBAMAIS]Este texto é fruto de intensas negociações entre Washington e China, que votou a favor depois de ter defendido uma simples declaração. Em uma rara advertência a sua aliada, a China afirmou nesta sexta-feira que "não vacilará" em reduzir sua ajuda à Coreia do Norte se Pyongyang realizar um novo teste nuclear. "Se a Coreia do Norte realizar novos testes nucleares, a China não vacilará em reduzir sua ajuda" ao regime de Kim Jong-Un, escreve o Global Times em um editorial, no qual afirma que a situação na península coreana coloca Pequim diante de um dilema.
O jornal cita uma declaração norte-coreana que evoca "estes grandes países (...) que abandonam sem hesitar até os princípios mais elementares, por influência do arbitrário americano", alusão transparente à China, que votou as sanções contra seu aliado na ONU. "Deixemos a Coreia do Norte com sua ;ira;", escreve o jornal, acrescentando que "a China deve reduzir suas expectativas quanto aos efeitos de suas estratégias com a península", porque "nos afastamos cada vez mais do objetivo de sua desnuclearização". Adverte que se Seul, Tóquio e Washington tomarem o caminho de sanções extremas contra Pyongyang, a China se oporá resolutamente porque "devemos preservar nosso interesse nacional".
A Coreia do Norte, onde a fome deixou centenas de milhares de mortos na década de 1990, sobrevive economicamente graças ao apoio chinês e à ajuda alimentar internacional. Pequim deseja uma península estável, mas "tampouco será o fim do mundo se ocorrerem incidentes ali", e isto "deve ser a base de nossa posição", acrescenta o jornal. O Global Times, que publica o mesmo editorial em suas versões em inglês e chinês, é um jornal do grupo do Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista chinês. Seus editoriais, de tom mais livre que os comentários oficiais, refletem um ponto de vista autorizado pela totalidade ou por parte da direção chinesa.