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EUA autorizam oficialmente que mulheres participem em combates

O chefe do Pentágono, Leon Panetta, levantou oficialmente nesta quinta-feira a proibição que impedia às mulheres participar nos combates, uma decisão histórica para os militares nos Estados Unidos que reflete uma realidade surgida nos últimos dez anos nos conflitos do Iraque e do Afeganistão.

Após o apelo do presidente Barack Obama durante sua posse na segunda em favor da igualdade, e um ano e meio depois da anulação de uma lei que obrigava os militares a ocultar a sua homossexualidade sob pena de expulsão, Estados Unidos se comprometem a reconhecer a igualdade entre homens e mulheres em matéria de armas

"As mulheres mostraram grande coragem e sacrifício dentro e fora do campo de batalha. Contribuíram de maneira sem precedentes no âmbito militar e demonstraram capacidade para servir em um número crescente de missões", argumentou em um comunicado o secretário de Defesa, que deixará o cargo nas próximas semanas.

"O objetivo do Departamento ao rescindir a regra é assegurar que a missão seja cumprida com as pessoas mais qualificadas e capazes, independentemente de seu gênero".

A decisão ocorreu após uma "ampla revisão" por parte dos chefes das Forças Armadas, "que por unanimidade concluíram que este é o momento de avançar com o objetivo de integrar as mulheres em todas as áreas de de trabalho na medida do possível", acrescentou.

No ano passado 14.000 postos já tinham sido abertos para as mulheres, mas seguia vigente a proibição de participar dos combates.

Quarenta anos depois de o aborto ter se tornado um direito conquistado na Suprema Corte dos Estados Unidos, as mulheres tiveram acesso a 53.000 postos nas forças armadas, mas continuam sem ser admitidas em algumas unidades.

A partir de agora poderão ocupar 184.000 postos dos quais antes estavam excluídas, como integrar unidades de infantaria ou de tanques, ou comandar forças especiais.

As mesmas exigências físicas

Os chefes do Estado-Maior de cada serviço devem apresentar seus planos até 15 de maio e a reforma deverá ser aplicada a partir de janeiro de 2016.

"Se eles recomendarem que determinadas funções continuem fechadas (para as mulheres), isso deverá ser pessoalmente aprovado pelo secretário de Defesa", explicou uma autoridade do Pentágono.

Assim, o chefe da Marinha deve apresentar argumentos válidos para negar a presença de mulheres em sua famosa unidade de elite Navy Seals, ou em alguns submarinos, nos quais as mulheres podem servir desde 2011 se houver áreas para acolhê-las adequadamente.

Um alto funcionário da Defesa, que pediu anonimato, afirmou à AFP que o tema não provocou debate dentro do Estado-Maior Conjunto e que os chefes militares estão mais centrados na aplicação e cumprimento das regras de aptidão física.

"Não é uma questão de elevar ou baixar nossas exigências", acrescentou outro.

Na Infantaria da Marinha, por exemplo, "esse é o principal problema", e os requisitos são os mesmos para ambos os sexos, segundo um alto membro deste corpo de elite de cerca de 200.000 homens e mulheres.

"Por exemplo, para os navio, uma das provas físicas testa se a pessoa é capaz de aguentar um morteiro de 120 mm de calibre, 25 quilos e 60 centímetros de comprimento em um pequeno espaço fechado e carregá-lo no canhão", explicou.

As mulheres deverão assim ser tão "fortes" quanto os homens, acrescentou.