Argel - Trinta e sete estrangeiros, um argelino e 29 atacantes foram mortos durante o ataque seguido de sequestro por um grupo islamita armado em um campo de exploração de gás na Argélia, anunciou nesta segunda-feira (21/1) o primeiro-ministro argelino, Abdelmalek Sellal.
"Trinta e sete estrangeiros de oito nacionalidades diferentes foram mortos, muitos deles executados com um tiro na cabeça", no episódio sangrento que durou quatro dias, declarou durante uma coletiva de imprensa. Além disso, um argelino foi morto.
Este é um balanço provisório, segundo o premiê. Cinco estrangeiros ainda estão desaparecidos, após o ataque que teve início na quarta-feira e culminou no sábado com uma grande ofensiva militar neste campo de gás de In Amenas, no sudeste da Argélia.
Sellal não informou a nacionalidade das vítimas. Entre os estrangeiros confirmados mortos por seus países estão um francês, um americano, dois romenos, três britânicos, seis filipinos e sete japoneses.
Um primeiro balanço oficial divulgado no sábado indicava 23 pessoas mortas, entre estrangeiros e argelinos. Entre os extremistas, 29 foram mortos e três presos, segundo o primeiro-ministro. "Os 32 terroristas vieram do norte do Mali" e eram liderados por um argelino, informou.
Além dos três argelinos, o grupo armado era composto por homens de nacionalidade tunisiana, canadense, egípcia, malinense, nigeriana e mauritana. Eles eram liderados pelo argelino Mohamed el-Amine Benchenab, velho conhecido dos serviços de inteligência e que foi morto durante a ofensiva militar, explicou Sellal.
Ele confirmou que os sequestradores eram membros do grupo "Aqueles que assinam com sangue", de Mokhtar Belmokhtar, um dos fundadores da Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi) que fundou em outubro seu próprio grupo.
O Exército libertou desde quinta-feira a maioria das centenas de pessoas -argelinas e estrangeiras- que estavam no campo de gás explorado pelos grupos norueguês Statoil, pelo britânico BP e pelo argelino Sonatrach.
Um refém filipino que conseguiu escapar do cativeiro, Joseph Balmaceda, contou que o grupo islamita utilizou os reféns "como escudos humanos" para protegê-los dos disparos das tropas argelinas.
"Pediram-nos que levantássemos os braços. As tropas do governo não podiam atirar neles enquanto estavam com a gente", acrescentou o homem, visivelmente esgotado, em sua chegada à Manila.
Ele diz ter sido o único sobrevivente de um grupo de nove reféns colocados em uma caminhonete na qual os extremistas amarraram explosivos e que explodiu durante os confrontos com as tropas argelinas.
"Procuramos cristãos"
Segundo testemunhas argelinas, os agressores receberam ajuda de pessoas no local. "Havia cúmplices no interior do campo de gás porque eles conheciam os quartos dos expatriados e os detalhes sobre o funcionamento da base", contou um deles, Riad.
"Vocês, argelinos e muçulmanos, não precisam temer: nós procuramos os cristãos que matam nosso irmãos no Mali e no Afeganistão para roubar nossas riquezas", gritaram os islamitas armados aos funcionários argelinos. O grupo islamita exigiu a "suspensão imediata" da intervenção militar no Mali e a libertação dos islamitas.
No campo de gás, o líder dos sequestradores ameaçou explodir o local. Operações em busca de explosivos ainda estão em curso, enquanto o retorno da produção da unidade será retomada ainda nesta semana.