ABIDJAN - Os principais chefes de Estado e de Governo da África Ocidental, reunidos neste sábado em Abidjan, pediram que a ONU ofereça imediatamente apoio logístico e financeiro para a mobilização da força enquanto a França informou que suas tropas ficarão o tempo necessário no país.
Enquanto Paris já enviou dois mil soldados franceses ao Mali, um número que deve ultrapassar 2.500 homens em breve, o presidente François Hollande explicou neste sábado que a França continuará no Mali "o tempo que for necessário até que o terrorismo seja vencido nesta parte da África".
Em Abidjan, o chefe de Estado da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, abriu a cúpula da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), pediu à ONU que forneça "imediatamente apoio logístico e financeiro para a mobilização da MISMA (Missão Internacional de Apoio ao Mali)" segundo o comunicado final da reunião da cúpula extraordinária.
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[SAIBAMAIS] Neste mesmo comunicado, pede-se aos países membros da CEDEAO que enviem "o quanto antes" as tropas prometidas à força de intervenção. Ao começar o encontro, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Outtara, pediu um "compromisso mais amplo (...) da França e da África na guerra total e multiforme contra o terrorismo no Mali".
A força regional recebeu o aval da ONU para ajudar o Mali a reconquistar o norte do país, ocupado há mais de nove meses por grupos islamitas armados, que multiplicaram seus abusos.
A operação francesa teve início há dois dias, mas "não substituirá a ação da Misma" que deve ser implantada "o mais rápido possível, o que é o objetivo desta reunião", afirmou o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, na cúpula.
Ele também insistiu na importância da reunião de doadores, prevista para 29 de janeiro em Addis Abeba, enquanto a incerteza reina sobre a capacidade dos países africanos de financiar suas tropas militares. "É essencial que o máximo de países no mundo contribua" para financiar a Misma e o exército do Mali, afirmou.
Em Londres, o secretário americano da Defesa, Leon Panetta, prestando homenagem à ação da França, que tomou a iniciativa de tentar bloquear a AQMI, declarou: "nós tentaremos ajudar neste esforço como fazem outros países".
Fabius e Ouattara insistiram na necessidade de uma dimensão política para resolver a crise no Mali, inciada em janeiro de 2012 por uma ofensiva dos rebeldes touareg e, em seguida, aprofundada pelas disputas com os islamitas no norte do país.
Cerca de 2.000 membros da Misma, dirigidos pelo general nigeriano Shehu Abdulkadir, devem ser enviados ao Mali até 26 de janeiro. Uma centena de soldados togoleses e nigerianos já chegaram a Bamako.
Oito países da África Ocidental - Nigéria, Togo, Benin, Senegal, Níger, Guiné, Gana e Burkina Fasso - mais o Chade anunciaram sua contribuição com a Misma. No total, serão 5.300 soldados do continente africano enviados ao Mali.
Paris continua sua intervenção junto a um exército maliense subequipado. As autoridades malienses anunciaram que, na quinta-feira, recuperaram Konna, a 700 km a nordeste de Bamako, o que precipitou, no dia seguinte, a intervenção francesa diante do temor que esses grupos continuem com seu avance para o sul.
Na região de Diabali (oeste), o coronel maliense que comanda esse setor, afirmou neste sábado à AFP que os islamitas tinham fugido da cidade, que havia sido tomada na segunda-feira e que o exército estava pronto para entrar na localidade.
Em Gao, a 1200 quilômetros a nordeste de Bamako, os habitantes mataram neste sábado um chefe islamita para protestar contra o assassinato de um jornalista local que tinha acabado de ser espancado até morrer por islamitas.
Na Argélia, as autoridades informaram que 23 pessoas e 32 sequestradores morreram durante os quatro dias da ocupação de uma usina de gás.
As forças argelinas libertaram "685 funcionários argelinos e 107 estrangeiros" e mataram "32 terroristas", informou o Ministério do Interior em um comunicado.
Segundo o comunicado, 21 reféns de nacionalidades ainda não divulgadas e outras duas pessoas morreram em um ataque a um ônibus.
Os sequestradores pediam à França para negociar o fim da guerra no Mali.
Hollande considerou que os acontecimentos na Argélia justificavam ainda mais a intervenção da França no Mali.