In Amenas - Um comando jihadista, que diz agir em retaliação à intervenção francesa no Mali, afirma que ainda detém sete reféns estrangeiros, após a ofensiva do exército argelino no campo de exploração de gás no Saara. No exterior, os Estados Unidos e o Japão lançaram uma advertência à Argélia para que preserve a vida dos reféns em poder do grupo extremista. Washington reiterou as críticas veladas do Reino Unido e da Noruega contra Argel. O Conselho de Segurança da ONU condenou "nos termos mais fortes o ataque terrorista".
Mais de 72 horas após o ataque e tomada de reféns no complexo de gás de In Amenas, 1.300 km a sudeste de Argel, próximo da fronteira com a Líbia, os sequestradores foram cercados pelas forças especiais argelinas, mas ainda detém uma dezena de reféns, entre argelinos e estrangeiros, indicou neste sábado uma fonte da segurança da Argélia. "Permanece o status quo", declarou a fonte.
[SAIBAMAIS]Enquanto isso, o secretário americano de Defesa, Leon Panetta, declarou neste sábado que os Estados Unidos "vão tomar todas as medidas necessárias" para se proteger da ameaça dos grupos ligados à Al-Qaeda no Magreb. "Nosso objetivo é garantir que, independentemente de onde a Al-Qaeda tente se esconder, evitaremos que estabeleça uma base e vamos evitar que realize ações terroristas", explicou.
Fontes do grupo autor do ataque, que se identifica como "Aqueles que assinam com sangue", ligado à Al-Qaeda, disseram à agência mauritana ANI --habitual meio de comunicação dos islamitas-- que "ainda mantêm sete estrangeiros como reféns no local --três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico-- no complexo". A Bélgica, no entanto, afirmou que não há indícios sobre a presença de belgas entre os reféns.
Segundo a rede americana NBC News, dois reféns americanos conseguiram escapar e o paradeiro de dois outros ainda é desconhecido. Três romenos foram libertados, segundo Bucareste.
Dois cidadãos noruegueses, até o momento considerados como desaparecidos, estão sãos e salvos, diminuindo para seis o número de noruegueses cujo paradeiro é desconhecido, anunciou o grupo petrolífero Statoil, que opera o campo junto com a argelina Sonatrach e a britânica BP.
De acordo com um balanço preliminar divulgado na sexta-feira por uma fonte da segurança, citada pela agência argelina APS, 12 reféns e 18 sequestradores foram mortos na ofensiva militar e 132 reféns estrangeiros, bem como 573 funcionários argelinos, foram libertados.
O número e a nacionalidade dos estrangeiros que morreram ainda são desconhecidos. Um porta-voz do grupo armado havia indicado na quinta-feira que 34 estrangeiros foram mortos no ataque das forças especiais. Washington anunciou a morte de um americano e Paris a de um francês.
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O fotógrafo da AFP viu um caminhão passar neste sábado transportando cinco caixões em direção ao hospital de In Amenas, onde são tratados os feridos evacuados desde quinta-feira. O estabelecimento, no entanto, está fechado à imprensa.
De acordo com a ANI, o grupo extremista é composto de 40 membros originários da Argélia, Egito, Níger, Chade, Mauritânia, Mali e Canadá, que se infiltraram na Argélia a partir do Níger. Segundo fontes citadas pela agência, os islamitas são liderados por Abdelrahmane "o nigeriano", que detém os sete reféns estrangeiros. Belmokhtar propõe "a França e a Argélia negociar o fim da guerra travada pela França" no norte do Mali.
Ele também deseja "trocar os reféns americanos detidos pelo grupo" por um egípcio, Omar Abdel-Rahman, e uma paquistanesa, Aafia Siddiqui, presos nos Estados Unidos. Além das centenas de trabalhadores argelinos, americanos, ingleses, japoneses, franceses, um irlandês, noruegueses e filipinos estavam entre os reféns sequestrados na quarta-feira.
Alguns que foram libertados contaram sua história sobre o ataque de quinta-feira. A esposa de um funcionário filipino, Ruben Andrada, contou que os reféns tinham sido envolvidos com explosivos e colocados em caminhões-bomba.
"Eles colocaram uma bomba nele, como um colar", relatou Andrada Edelyn a uma rádio de Manila. "Felizmente, a bomba instalada no caminhão não funcionou. Bombas em outros veículos explodiram e pessoas morreram", disse ela, acrescentando que o marido está sendo tratado no hospital.
Outro sobrevivente, Jojo Balmaceda, empregados pela BP, contou que ele e três filipinos foram amarrados e jogados em um caminhão com outros reféns japoneses e malinenses, de acordo com a rede GMA.