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Para Estados Unidos, plano de Assad é 'desligado da realidade'

Washington - O plano do presidente sírio, Bashar al Assad, para encerrar a guerra civil que sacode o país há 21 meses, é "desligado da realidade" e ele deveria renunciar, avaliou o Departamento de Estado este domingo (6/1).

O discurso de Assad "é mais uma tentativa do regime de se manter no poder e não faz nada para avançar no objetivo do povo sírio de uma transição política. Sua iniciativa é desligada da realidade", disse a porta-voz Victoria Nuland.

Nuland também afirmou que a proposta de Assad debilitou o trabalho do enviado de paz especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, e que "só permitiria ao regime perpetuar ainda mais sua opressão sangrenta ao povo sírio".

"Por quase dois anos, o regime de Assad tem brutalizado seu próprio povo", afirmou a porta-voz.

[SAIBAMAIS]"Assad perdeu toda a legitimidade e precisa se afastar para possibilitar uma solução política e uma transição democrática que vá ao encontro das aspirações do povo sírio", acrescentou.

Mais cedo este domingo, Bashar al Assad fez um discurso em que delineou um plano de três passos para encerrar o conflito que já dura 21 meses, e que segundo as Nações Unidas matou mais de 60 mil pessoas.

O presidente sírio se referiu aos opositores como "escravos" do Ocidente e disse para as potências estrangeiras pararem de apoiar os rebeldes.

"Logo depois disso, nossas operações militares cessarão", disse Assad, acrescentando, sem dar detalhes, que um mecanismo seria criado para monitorar uma eventual trégua.

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Damasco, então, intensificaria contatos para convocar uma conferência de diálogo nacional com seus adversários "dentro e fora" da Síria que não recebam ordens do exterior. Finalmente, uma carta nacional seria criada e votada em referendo.

No entanto, Nuland disse que Washington continuaria a apoiar os esforços de Brahimi para implementar um quadro para a paz endossado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a Liga Árabe e a Assembleia Geral da ONU.

Ela acusou o regime de Assad de "atiçar deliberadamente tensões sectárias e de continuar a matar seu próprio povo ao atacar cidades e vilarejos sunitas" em setores da província de Latakia.