Damasco - As tropas sírias com apoio da aviação efetuavam nesta sexta-feira (4/1) uma grande ofensiva contra as forças rebeldes em várias localidades perto de Damasco, após um atentado noturno com carro-bomba que fez ao menos 11 mortos.
O regime tenta manter o controle de Damasco e utiliza a aviação, sua principal arma no conflito, e artilharia pesada para bombardear localidades próximas a capital, onde a rebelião estabeleceu sua retaguarda para lançar ataques.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), novos reforços militares foram enviados para Daraya, que o Exército tenta reconquistar há duas semanas.
O Exército avança, fechando o cerco a Muadamiyatmiyat al-Sham e Daraya, no sudoeste, onde as operações militares e ataques mortais se multiplicaram recentemente, indicou esta ONG com sede na Grã-Bretanha, que obtém suas informações através de uma extensa rede de militantes e médicos mobilizados na Síria.
A rede de militantes opositores ao regime da Comissão Geral da Revolução Síria (CGRS) explicou que Muadamiyat al-Sham é "bombardeada diariamente porque fica na estrada para o aeroporto" Internacional de Damasco, palco recente de combates.
O jornal Al-Watan, próximo ao regime sírio, indicou nesta sexta-feira que o Exército de Bashar al-Assad "ganhou na quinta-feira a batalha" contra os terroristas em Daraya e destruiu seus últimos redutos, acrescentando que a frente jihadista Al-Nusra sofreu muitas baixas nos combates.
As autoridades sírias definem os rebeldes como terroristas, armados e financiados pelo exterior.
As tropas do regime foram expulsas de amplas áreas do norte e do leste do país, mas tentam de manter em uma zona que vai do sul do país até a costa oeste, região natal de Assad, passando por Damasco e sua periferia.
Chegada dos primeiros mísseis Patriot à Turquia
A Síria mergulhou em uma guerra civil após a repressão do regime a uma onda de contestação popular que se militarizou. Os combates entre soldados regulares e desertores, apoiados por civis que pegaram em armas e também jihadistas do exterior, não tiveram trégua desde então. O conflito causou mais de 60.000 mortes, segundo a ONU.
Em um registro provisório da violência nesta sexta-feira, o OSDH contabilizou 27 mortos. Na quinta-feira foram registradas 191 vítimas, entre elas 99 civis, 51 rebeldes - ao menos cinco deles estrangeiros (um palestino, um turco, um saudita e dois líbios) - e 41 soldados.
Após a morte de um combatente australiano na Síria, a Austrália ameaçou com 20 anos de prisão seus cidadãos envolvidos em conflitos no exterior, e indicando a participação de 100 australianos no conflito na Síria desde 2011.
Durante a madrugada, um atentado fez 11 mortos em Massaken Barzé, no norte de Damasco, onde vive uma grande comunidade alauíta, minoria religiosa a que pertence o presidente Bashar al-Assad.
Os atentados, principalmente com carros-bomba, se multiplicaram nos últimos meses na capital síria tendo como alvo prédios governamentais e das forças de segurança, mesmo com o forte esquema de segurança.
Como a cada sexta-feira desde o início do conflito, manifestantes se reuniram em várias regiões do país a pedido dos militantes anti-regime e em apoio à cidade de Homs (centro), que está sitiada há seis meses pelo Exército.
Na Turquia, o Exército americano anunciou a chegada dos primeiros mísseis Patriot da Otan, destinados a garantir a proteção deste país contra eventuais ameaças sírias.