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Bombardeios matam 12 membros da mesma família perto da capital síria

Beirute - Doze civis, membros de uma mesma família e em sua maioria crianças, morreram nesta quarta-feira (2/1) em um bombardeio aéreo do exército sírio contra Moadamiya al-Sham, periferia de Damasco, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Outros bombardeios, da aviação e da artilharia, deixaram vários mortos e feridos em diferentes localidades da periferia da capital, acrescentou o OSDH, que não pôde fornecer números mais precisos.

Pela manhã, a artilharia do regime bombardeou as localidades de Duma e de Harasta, nordeste de Damasco, assim como o bairro de Qabun, enquanto que as tropas bombardearam bairros do sul da capital, ainda segundo a OSDH, uma ONG que se apoia em uma importante rede de militantes e médicos na Síria. Uma menina morreu num bombardeio de Saraqeb, na província de Idleb (noroeste), indicou a mesma fonte.

Nesta província, tropas do exército e milicianos rebeldes, em sua maioria jihadistas, continuam se enfrentando nos arredores do aeroporto militar de Taftanaz. Dois rebeldes e vários soldados morreram nesses confrontos. Também foram registados combates perto de Wadi Deif, uma das últimas posições militares do governo do noroeste do país, onde a Frente Al-Nosra (jihadista) lançou uma ofensiva na semana passada.

Por outra parte, as autoridades fecharam o aeroporto de Aleppo, no norte do país e segunda cidade síria. É a primeira vez que as autoridades fecham um aeroporto internacional desde o começo da rebelião em março de 2011. Segundo um primeiro balanço provisório do OSDH, 19 pessoas morreram nesta quarta-feira na Síria, um dia depois que 104 pessoas perderam a vida (35 civis, 38 rebeldes e 31 soldados) em função das violências neste país.

[SAIBAMAIS]Os sírios começaram o Ano Novo com ataques aéreos, o que aumentou as dúvidas sobre as ações diplomáticas para terminar com um conflito que já dura 21 meses. Os episódios de violência foram registrados um dia depois de ativistas relatarem a descoberta de dezenas de cadáveres de pessoas que foram torturadas, outro sinal da natureza terrível do conflito, e após o regime afirmar que acolhia qualquer iniciativa de negociação para acabar com o conflito.



Aviões de guerra bombardearam os subúrbios do nordeste e sudoeste de Damasco, em uma nova tentativa de empurrar os rebeldes para fora da capital, e as tropas atacaram redutos insurgentes na estrada que leva ao aeroporto de Damasco. Batalhas estão sendo travadas há semanas nos arredores de Damasco, onde os rebeldes montaram bases de retaguarda.

Analistas dizem que o exército tem por objetivo tomar o controle total de Damasco e de seus arredores para criar as condições necessárias para um futuro diálogo. A violência devastou a Síria na virada do ano com a descoberta macabra feita por ativistas na segunda-feira de dezenas de cadáveres em um bairro de Damasco. "Trinta corpos foram encontrados no distrito de Barzeh". "Eles têm sinais de tortura e até agora não foram identificados", informou o Observatório.

A Comissão Geral da Revolução Síria forneceu uma estimativa maior, de 50 corpos, dizendo que "as cabeças foram cortadas e desfiguradas a ponto de não ser mais possível identificá-los". Um vídeo postado online por ativistas mostrava os corpos de três rapazes com as mãos amarradas atrás das costas e com as gargantas cortadas. Seus corpos foram encontrados na segunda-feira em Jubar. A autenticidade das imagens não pôde ser verificada.

Na frente diplomática, o primeiro-ministro sírio, Wael al-Halaqi, disse na segunda-feira que o governo estava aberto a negociações destinadas a resolver o conflito que, segundo observadores, já matou mais de 46.000 pessoas. O enviado da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, informou no domingo que havia criado um plano de cessar-fogo "que poderia ser adotado pela comunidade internacional".

A proposta envolve um cessar-fogo, a formação de um governo e de um plano de eleição, e foi baseada em um acordo alcançado com as potências mundiais em Genebra em junho. O primeiro-ministro disse que a revolta deve ser resolvida apenas pelo povo sírio, acrescentando que o país está no caminho para "declarar a vitória sobre seus inimigos". A oposição já rejeitou o acordo de Genebra, insistindo que Assad deve deixar o poder antes do início de qualquer diálogo.