Washington - A Câmara de Representantes dos Estados Unidos decidiu não votar na segunda-feira uma proposta de último momento para evitar o chamado "abismo fiscal", no qual técnicamente o país cairá às 05H00 GMT (03H00 de Brasília) de terça-feira, anunciou à AFP um responsável do opositor Partido Republicano.
Os efeitos de uma alta generalizada dos impostos não serão sentidos de imediato, uma vez que na terça-feira (1; de janeiro) é feriado, o que dará tempo ao Congresso para alcançar um compromisso entre o líder da minoria republicana no Senado, Mitch Connell, e o vice-presidente democrata, Joe Biden.
"Não temos nada para votar", disse a fonte republicana da Câmara dos Deputados, que pediu anonimato.
"Não há chance de que (os legisladores) aprovem algo a tempo de que haja (voto) antes da meia-noite, mesmo se quiséssemos", acrescentou.
Mais cedo, o presidente dos EUA, Barack Obama e seus rivais republicanos haviam declarado estar perto de um acordo para evitar a tempo um aumento de impostos para a maioria dos americanos.
"Um acordo está próximo, mas não foi atingido ainda. Ainda há problemas a resolver, mas esperamos que o Congresso consiga resolvê-los", disse Obama nesta segunda-feira na Casa Branca, quando as negociações ainda estavam em andamento.
Segundo Connell, houve um acordo na questão fiscal, mas o corte do orçamento ainda gera discórdia.
O "abismo fiscal" é uma combinação de aumentos de impostos e cortes no orçamento automáticos, devido aos termos de um pacote de alívio fiscal herdado do presidente George W. Bush (2001-2009) e de um acordo realizado em 2011 pelos legisladores.
O Tesouro dos EUA, por sua vez, disse que o país atingirá seu limite de endividamento nesta segunda-feira, como o esperado, forçando o organismo a tomar medidas para manter o financiamento do governo, enquanto líderes políticos batalham sobre o déficit.
O Tesouro disse que vai ajustar suas operações com fundos de pensão para ser capaz de continuar operando acima do limite de endividamento de US$ 16,394 trilhões sem cortar gastos federais, sugerindo que poderia fazer isso por pelo menos dois meses.
"Vamos atingir o limite de dívida estatutária hoje", disse um funcionário do Tesouro, a repórteres.
Em uma carta oficial ao Congresso, o Tesouro detalhou as medidas extraordinárias que manterão o governo à tona, que durariam até 28 de fevereiro de 2013.