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Emissário para a Síria afirma ter plano para solucionar a crise

Cairo - O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, afirmou neste domingo no Cairo ter uma proposta para uma solução política do conflito "que pode ser aprovada pela comunidade internacional".

"Conversei com Rússia e Síria sobre o plano. Acredito que esta proposta pode ser aprovada pela comunidade internacional", declarou após uma reunião com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi. "A situação na Síria é muito ruim e piora a cada dia", completou.

"Há uma proposta para uma solução política baseada na declaração de Genebra, que prevê um cessar-fogo, a formação de um governo com prerrogativas completas e um plano para organizar eleições presidenciais ou legislativas", disse Brahimi.

O plano adotado em 30 de junho em Genebra pelo grupo de ação sobre a Síria prevê a formação de um governo de transição com plenos poderes no país, afetado por um violento conflito há 21 meses, mas não se pronuncia sobre o destino de Bashar al-Assad.

A saída do presidente sírio, no entanto, é uma das condições da oposição para iniciar qualquer tipo de diálogo nacional.

O grupo de ação sobre a Síria reúne os cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia), além da Turquia, dos países que representam a Liga Árabe e dos secretários-gerais da Liga Árabe, da ONU e da União Europeia.

Segundo as agências russas, três navios russos devem chegar em breve a Tartous, onde a Rússia possui uma base naval, para uma possível retirada de seus cidadãos.

As tropas sírias bombardearam neste domingo redutos rebeldes perto de Damasco, um dia depois de mais uma jornada extremamente violenta no país em que 11 crianças morreram nas proximidades da capital.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), pelo menos 32 civis, incluindo 11 crianças e três mulheres, morreram no sábado nos bombardeios aéreos e terrestres da periferia sudoeste e nordeste de Damasco e nas áreas próximas.

Na madrugada de sábado para domingo, as forças leais ao presidente sírio Bashar al-Assad também enfrentaram os rebeldes em Harasta, ao nordeste de Damasco, e bombardearam Moadamiya al-Sham, sudoeste, e Bait Saham, perto da estrada que do aeroporto.

No sul do país, na província de Deraa, berço da revolução contra o regime, iniciada em março de 2011, Exército e rebeldes travaram combates na cidade de Xeque Maskin.

A área próxima à fronteira com a Jordânia, controlada pelo regime, também foi cenário de confrontos. Jordânia e Síria têm uma fronteira comum de 370 quilômetros que centenas de pessoas atravessam a cada dia a pé para fugir do conflito que, segundo o OSDH, provocou a morte de pelo menos 45.000 pessoas em 21 meses.

Na manhã de domingo, dois rebeldes morreram em combates com o Exército na província central de Hama e foram registradas explosões na capital. O Exército concentrava suas operações em Homs (centro), onde a cidade velha está cercada há mais de seis meses pelas tropas, o que desencadeou uma grave crise humanitária.

Depois de ter retomado no sábado o bairro de Deir Baalbeh, causando dezenas de vítimas segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o Exército bombardeava neste domingo dois outros bairros e parecia determinado a caçar os rebeldes desta cidade, a terceira maior da Síria e seu antigo coração industrial.

Chamada de "capital da revolução", Homs está localizada no eixo que liga o sul da Síria às regiões alauítas no litoral, passando por Damasco. Segundo especialistas, o regime quer manter esta região a todo custo para ter alguma legitimidade quando chegar o momento de negociar.

A Coalizão opositora denunciou "o massacre de 220 vítimas, incluindo mulheres e crianças" em Deir Baalbeh, um número questionado pelo OSDH, que se baseia em uma ampla rede de militantes e fontes médicas civis e militares em todo o país.

No noroeste do país, os insurgentes, na maioria jihadistas, avançaram nas imediações do campo militar de Hamidiyeh, 2 km ao sul de Wadi Deif, uma das últimas bases militares ainda em poder do Exército no setor. De acordo com um registro provisório do OSDH, a violência deixou pelo menos 100 mortos neste domingo em todo o país, incluindo 43 civis.