Os esforços diplomáticos se intensificam, enquanto os combates prosseguem em toda a Síria. Nesta quarta-feira, segundo balanço provisório do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), 58 pessoas morreram, entre elas 26 civis e 32 rebeldes.
Brahimi é esperado no próximo sábado em Moscou para negociações, indicou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov. O enviado chegou no sábado a Damasco e se reuniu com o presidente sírio Bashar al-Assad e membros da oposição, mas sem conseguir a aprovação de um plano internacional para acabar com a crise.
Outro sinal da disposição de Moscou de agir, o vice-ministro sírio das Relações Exteriores foi recebido terça-feira à noite na capital russa, indicou à AFP uma fonte aeroportuária de Beirute, de onde Fayçal Mokdad partiu. A agência de notícias ITAR-TASS citou a visita na quinta-feira de uma "delegação do governo sírio em Moscou, grande aliado do regime de Damasco.
E o ministério russo das Relações Exteriores anunciou a visita na quinta-feira do chefe da diplomacia egípcia, Mohamed Amr, para reuniões sobre a Síria. A China, outra aliada de Damasco, parece caminhar no mesmo sentido.
"Consideramos, como Brahimi, que a situação na Síria é muito perigosa e que há uma necessidade urgente de encontrar uma solução política", declarou o embaixador em Damasco, Zhang Xun, após uma reunião com o enviado internacional.
De acordo com o jornal francês Le Figaro, existe um acordo entre russos e americanos sobre a formação de um governo de transição, que seria dotado com todos os poderes, e a manutenção de Bashar al-Assad até o fim de seu mandato, em 2014, com a impossibilidade de ele concorrer à reeleição. Este acordo provocou indignação entres as organizações de oposição.
Mas, de acordo com diplomatas na ONU, não há sinal de disposição para negociar em nome do presidente da Síria, que se posiciona com uma "jovem guarda", partidária de uma guerra sem uma concessão, de acordo com especialistas.
Por sua vez, as organizações que combatem no terreno rejeitam "a solução proposta pelo Sr. Brahimi". Os Comitês de Coordenação Locais (CCL), insistem no fato de que "Assad e todo os líderes políticos, militares e da segurança devem deixar o poder".
Desde o início da contestação ao regime de Bashar al-Assad, em março de 2011, 45.048 pessoas morreram em meio à violência, incluindo mais de 31.544 civis, informou a ONG. O número de soldados mortos foi de 11.217 e o número de desertores 1.511, acrescentou o OSDH, com sede na Grã-Bretanha, que conta com uma ampla rede de militantes e fontes médicas nos hospitais civis e militares.
Nesta quarta-feira, 20 pessoas foram mortas, entre elas oito crianças e três mulheres, e dezenas ficaram feridas no bombardeio da aldeia de Qahtaniyé, segundo o OSDH. Na província de Hama (centro), o Exército retomou o controle três aldeias alauitas, minoria a qual pertence Assad, das mãos dos rebeldes.
Na mesma província, um opositor sírio de 50 anos, Faisal Hallak, foi "assassinado" perto de Salmiyé, segundo o OSDH. Ele havia sido preso há 11 anos pelo regime por pertencer ao Partido Operário Comunista. Combates também foram registrados nos arredores da grande base militar de Wadi Deif, na província de Idleb. Vinte rebeldes morreram neste ataque.
Em Damasco, no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, violentos confrontos ocorreram nesta quarta-feira entre os combatentes rebeldes e os "comitês populares" pró-regime, quebrando assim o acordo alcançado na semana passada para afastar do campo a guerra civil que abala o país. Por outro lado, a Turquia disse estar pronta para retomar as exportações de eletricidade para a Síria, apesar das divergências.
Quase 1.100 sírios em fuga do seu país, depois de um ataque mortal no domingo perto de uma padaria no centro da Síria, entraram nas últimas 24 horas na Turquia, segundo uma fonte diplomática turca.
O ONU projetou nesta quarta-feira que o número de refugiados sírios nos países vizinhos vai dobrar para 1,1 milhão em junho do ano que vem se a guerra do país não acabar. Atualmente há mais de 540 mil refugiados registrados no Iraque, Jordânia, Líbano, Turquia e Egito, de acordo com o último relatório do Escritório para Coordenação de Questões Humanitárias da ONU (OCHA) na Síria. O número aumentou em mais de 140 mil em seis semanas. "Os sírios continuam a cruzar as fronteiras para buscar segurança," disse OCHA.