Brahimi discutiu recentemente com líderes americanos e russos, cujas posições são diametralmente opostas sobre o conflito. Os Estados Unidos cobram a saída de Assad, enquanto a Rússia apoia o regime de Damasco. Em sua última visita à Síria, que remonta a meados de outubro, o enviado se reuniu com Assad e vários altos funcionários, com quem havia negociado o estabelecimento de um cessar-fogo para a festa muçulmana de Al-Adha, uma trégua que nunca foi respeitada.
Suicido político
Enquanto a comunidade internacional alerta para o possível uso de armas químicas pelo regime sírio, o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou ao canal Russia Today que tal atitude seria "suicídio político". De acordo com especialistas, a Síria tem estoques de armas químicas que remontam à década de 1970 e que é o maior do Oriente Médio, com centenas de toneladas. Já Damasco tem afirmado regularmente que "no caso de" possuir as armas, nunca as usaria.
No domingo, o dia da chegada de Brahimi, 198 pessoas foram mortas na Síria, entre elas 120 civis, de acordo com o OSDH, que conta com uma ampla rede de ativistas e médicos civis e militares em todo o país. Das vítimas, 60 foram mortas em frente a uma padaria de Halfaya, na província de Hama. A oposição denuncia um "massacre" cometido pela Força Aérea síria, enquanto a agência oficial de notícias Sana afirma que o Exército interveio no local depois de um ataque de "terroristas", termo utilizado pelo regime para designar os rebeldes.
Os "rerroristas", em seguida, "filmaram imagens para acusar o Exército sírio, no momento em que o enviado internacional Lakhdar Brahimi chegou à Síria", indicou a agência, que não mencionou a intervenção da aviação. Domingo, vídeos postados na internet por ativistas mostraram muitos corpos entre os escombros de um edifício destruído.
Dos 60 mortos, 14 corpos foram destroçados. O OSDH conseguiu descobrir a identidade de 22 homens mortos. O Conselho Nacional Sírio (CNS), um dos principais componentes da oposição, imputou "à comunidade internacional a responsabilidade do massacre", e viu neste atentado a evidência de que o regime "perdeu o controle do país".