Buenos Aires - Milhares de trabalhadores e ativistas de esquerda protestaram nesta quarta-feira, no centro de Buenos Aires, para exigir a redução de impostos e criticar o governo da presidente Cristina Kirchner.
"Não ao imposto de renda, sim ao auxílio família para todos", resumia um grande cartaz em meio à multidão na Praça de Maio, diante da Casa Rosada, constatou a AFP.
Convocada pelo líder dos caminhoneiros, Hugo Moyano (ex-aliado de Kirchner e agora na oposição na dividida Confederação Geral do Trabalho - CGT), a manifestação não atraiu os setores da classe média descontentes, que no mês passado realizaram um grande "panelaço".
"Para dirigir um povo, a primeira condição é ter saído do povo, se sentir e pensar como o povo", dizia uma enorme bandeira carregada por seguidores de Moyano, que já admite concorrer à presidência.
"Viemos para exigir a redução do imposto de renda" e por melhores aposentadorias. "Queremos uma mudança na forma de conduzir nosso país", disse à AFP Juan Conde, do Sindicato dos Caminhoneiros de Entre Rios.
"Há coisas que fizeram bem e que reconhecemos, mas chegou o momento de trilhar o caminho de confrontar o governo, não por capricho, mas pelo fato de que não atendem às nossas exigências".
"Estamos cansados, queremos que paguem o que nos devem, pelo nosso trabalho", disse à AFP Teresa, uma senhora de 80 anos muito tranquila na multidão.
O protesto desta quarta-feira registrou a incomum aliança entre sindicalistas peronistas e partidos da esquerda, adversários históricos na Argentina.
"Apesar das diferenças que temos com a CGT e a CTA, acreditamos que nossas exigências são justas. A mobilização e a greve sempre servem", disse à AFP Florencia Piris, militante da Frente de Esquerda, professora de história e funcionária do instituto de estatísticas Indec.