Hebrom - Confrontos eclodiram nesta quinta-feira em Hebron (Cisjordânia) durante o funeral de um adolescente palestino morto a tiros na noite de quarta por uma guarda de fronteira israelense, constatou a AFP. Mais de 2.000 pessoas participaram do funeral de Mohamed Ziad Salayma, de 16 anos.
Enfrentamentos foram registrados entre manifestantes palestinos e forças de segurança israelenses antes e depois da cerimônia fúnebre. Três palestinos foram feridos por disparos de balas de borracha efetuados por soldados israelenses. Outros 25 foram levados para o hospital com a respiração comprometida pelo gás lacrimogêneo.
Um porta-voz do Exército israelense disse à AFP que a força armada havia dispersado manifestantes que jogavam pedras. Confrontos já haviam sido registrados pouco depois da morte do adolescente, atingido por tiros disparados na quarta-feira a partir de um posto de controle israelense na cidade de Hebron.
"Um palestino se aproximou de um posto com guardas fronteiriços (que pertencem à polícia, nr). Um deles pediu sua identidade. O palestino então o atacou e sacou uma pistola que foi apontada para a sua cabeça. Uma guarda de fronteira que estava perto atirou e matou o palestino", havia afirmado uma porta-voz da polícia.
"Depois, especialistas do Exército constataram que a pistola era, de fato, um brinquedo de metal", acrescentou. Nasser al-Salayma, tio da vítima, afirmou à AFP que a versão israelense da morte de seu sobrinho tinha sido "inventada". Outros parentes do jovem contaram que ele estava indo comprar um bolo de aniversário no momento do incidente.
Pouco depois, ativistas palestinos identificaram a guarda que atirou em Mohamed Salayma e espalharam sua foto nas redes sociais, classificando-a como "terrorista". Já os israelenses divulgaram sua foto, saudando seu "gesto heróico".
A jovem, entrevistada pelo jornal de língua inglesa Jerusalem Post afirmou que não tinha dúvida alguma das intenções do palestino. "Para mim, era uma pistola verdadeira apontada para um soldado e era minha responsabilidade agir para salvar sua vida", contou ela. "Fico feliz que este incidente tenha terminado sem alguém ferido do nosso lado e convencida de que qualquer oficial naquela situação teria agido da mesma maneira", acrescentou.
Cerca de 190.000 palestinos vivem em Hebron, a maior cidade palestina da Cisjordânia, em um ambiente de constante tensão com 600 colonos instalados em um enclave no coração da cidade, além de outros 6.500 que vivem no assentamento de Kiryat Arba, em sua periferia.