Damasco - Um atentado com carro-bomba matou 16 pessoas nesta quinta-feira (13/12) em um bairro da periferia de Damasco, no mesmo dia que a Rússia, país aliado do presidente Bashar al-Assad, admitiu que o regime sírio pode ser derrotado pelos rebeldes. As vítimas, em sua maioria mulheres e crianças, morreram no ataque em Qataba, na periferia sudoeste da capital, informou a agência oficial síria Sana.
Vinte e três pessoas ficaram feridas, várias delas com gravidade. De acordo com a Sana, "terroristas utilizaram um automóvel com uma importante quantidade de explosivos". De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o ataque aconteceu em uma área na qual muitos militares moram com suas famílias.
Na quarta-feira, uma série de atentados abalou a periferia de Damasco e matou 13 pessoas. Em um dos ataque, executado contra o ministério do Interior, o ministro Mohammad Ibrahim al-Shaar foi ferido no ombro. A crescente ofensiva contra alvos governamentais acontece depois de vários governos árabes e ocidentais terem reconhecido a oposição armada como único representante legítimo do povo sírio.
Além disso, o governo dos Estados Unidos acusou o regime de Assad de ter utilizado mísseis Scud e a Human Rights Watch denunciou o uso de bombas incendiárias que provocaram queimaduras graves em civis. As forças do regime parecem ter passado a uma nova etapa ao utilizar mísseis Scud, que "não têm nenhuma justificativa militar, são pesados, caros e imprecisos", destacou Karim Bitar, diretor de pesquisas no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris).
Um jornalista da AFP foi testemunha na segunda-feira, no noroeste da Síria, de uma destas explosões. Segundo um comandante do Exército Sírio Livre (ESL), Abu Jalal, o projétil era um míssil terra-terra, de porte um pouco inferior a um Scud, com alcance de dezenas de quilômetros e carga de 300 a 500 quilos de TNT. De acordo com Bitar, "a grande batalha de Damasco, que pode mudar a situação, está a ponto de começar", e a utilização de mísseis "faz parte da guerra psicológica do regime contra os rebeldes e os países que apoiam os insurgentes".
Rússia não descarta vitória rebelde
O regime sírio, no entanto, perde cada vez mais o controle do país, afirmou nesta quinta-feira (13/12) o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, para quem não é possível excluir uma vitória da oposição no conflito. "É necessário observar as coisas de frente. O regime e o governo sírio perdem cada vez mais o controle do país", disse Bogdanov.
"Em consequência, uma vitória da oposição não deve ser descartada" completou. "Moscou vai insistir na aplicação do comunicado de Genebra e na busca de uma solução pacífica ao conflito", advertiu Bogdanov.
O vice-ministro fez referência ao acordo sobre os princípios de uma transição política na Síria adotados em 30 de junho em Genebra pelo grupo de ação para a Síria. A Rússia é um dos últimos apoios do regime sírio. Moscou bloqueou até agora todos projetos de resolução do Conselho de Segurança da ONU de condenação ao regime do presidente Bashar al-Assad.