Cairo - O presidente egípcio, Mohamed Mursi, pediu a modificação do decreto que amplia seus poderes, que causou uma avalanche de críticas e protestos nas últimas duas semanas, anunciou neste sábado (8/12) o primeiro-ministro Hicham Qandil.
Mursi encarregou seis personalidades, que participaram de uma reunião com ele neste sábado, "de modificar a declaração constitucional", disse Qandil à rede privada Al-Mehwer.
Este grupo de especialistas é composto de juristas e de personalidades políticas.
"Eles estão reunidos para redigir um novo texto que poderá ser concluído esta noite (sábado) ou amanhã (domingo) de manhã", ressaltou Qandil.
O presidente também pediu "que seja encontrada uma solução jurídica que permita adiar o referendo" sobre um projeto de Constituição também muito criticado pela oposição, previsto para 15 de dezembro, acrescentou.
O decreto, adotado pelo chefe de Estado em 22 de novembro, provocou uma forte onda de contestação no Egito, acompanhada de manifestações que em alguns momentos descambaram para a violência, com a morte de sete pessoas na noite de quarta para quinta-feira no Cairo.
A oposição também se polarizou em torno do projeto de Constituição que o poder pretendia submeter a referendo no 15 de dezembro. Ela acusa o texto de abrir caminho para uma islamização mais ampla da legislação e de não apresentar garantias às liberdades, principalmente de expressão e de religião.
O anúncio do primeiro-ministro foi feito logo depois de a principal coalizão opositora, a Frente da Saudação Nacional (FSN), ter pedido a manutenção do movimento de protesto até que suas "reivindicações legítimas e pacíficas se concretizem".
"O humor do povo egípcio se move na direção da greve geral", alertou a FSN em um comunicado lido à imprensa por Mohamed Abu al-Ghar, um de seus líderes.