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Chefe do Hamas no exílio pede libertação da Palestina

Gaza - O líder no exílio do movimento islamita Hamas, Khaled Meshaal, lançou neste sábado (8/12), em um discurso em Gaza, uma convocação pela "libertação de toda a Palestina", descartando reconhecer o Estado de Israel e incentivando a unidade nacional palestina.

"Palestina do mar (Mediterrâneo) ao rio (Jordão), do norte a sul, é a nossa terra e a nossa nação, pelo que não se pode ceder nem uma parte", afirmou em um discurso em ocasião do 25; aniversário da criação do Hamas, em Gaza, onde realiza uma visita pela primeira vez.

"Não podemos reconhecer a legitimidade da ocupação da Palestina nem de Israel. Libertar a Palestina, toda a Palestina, é um direito, um dever e um objetivo", acrescentou Meshaal, cujo movimento é considerado uma organização terrorista por Israel.

Meshaal, que realiza sua primeira visita à Faixa de Gaza, discursou na tribuna oficial, ao lado do chefe do governo do Hamas, Ismail Haniyeh, e de outros dirigentes do movimento em Gaza e no exílio.

Estava cercado de enormes retratos do fundador do Hamas, xeque Ahmad Yassin, assassinado pelo Exército israelense em 2004, e do chefe militar do Hamas, Ahmad Khaabari, morto no primeiro ataque da operação israelense, entre 14 e 21 de novembro.

Diante de uma maquete da Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, estava uma réplica do foguete M75 do Hamas utilizado durante as hostilidades, com a inscrição "Made in Gaza".

"Somos uma única Autoridade e nossa referência é a Organização da Libertação da Palestina (OLP), com a qual queremos a unidade", acrescentou, referindo-se à organização dirigida pelo presidente Mahmud Abbas, que, em 1993, assinou com Israel os acordos de Oslo sobre uma autonomia palestina.

"A divisão foi imposta quando alguns rejeitaram as eleições em 2006, mas isso é passado, hoje é um dia de vitória e de orgulho", destacou Meshaal, em alusão ao conflito com o movimento Fatah de Mahmud Abbas e ao boicote internacional que se seguiu à vitória do Hamas nas eleições legislativas de 2006.

"A resistência é um meio e não um fim", afirmou diante da multidão na qual se via muitas mulheres e crianças.

"De Gaza, a meus irmãos do Fatah na Cisjordânia, ao irmão Abu Mazen (Mahmud Abbas), dizemos: venham para a reconciliação e a unidade nacional, para construir nossa pátria; reconsiderem a resistência, que é honrosa e uma decisão estratégica", exortou.

"A resistência é a boa maneira de recuperar seus direitos, assim como todas as formas de luta, política, diplomática, jurídica e de mobilização, mas nenhuma tem sentido sem a resistência", afirmou ainda.

"A gestão do irmão Abu Mazen nas Nações Unidas é um pequeno passo, mas não é um progresso. Queremos que seja um apoio à reconciliação nacional e sirva para o projeto nacional", defendeu, referindo-se à concessão à Palestina em 29 de novembro do status de Estado observador.

"É hora de virar a página da divisão", insistiu.

Em dezembro de 2011, em uma reunião no Cairo, Meshaal afirmou que os movimentos de fora da OLP, como o Hamas e a Jihad islâmica, estavam "em vias de adesão à OLP".