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BCE mantém sua principal taxa e projeta queda do PIB da Eurozona em 2013

Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quinta-feira (6/12) sem alterações sua principal taxa de juros, e aproveitou para confirmar suas projeções de queda do PIB para 2012 na zona do euro e inverter sua expectativa para 2013, de crescimento positivo a negativo, em um contexto de recessão no bloco econômico.

Segundo o BCE, o PIB na zona do euro cairá 0,5% em 2012 (frente a - 0,4% de seu anterior previsão) e retrocederá 0,3% em 2013, sendo que em um prognóstico anterior se esperava um crescimento positivo (%2b0,5%) para o próximo ano.

Para 2014, o BCE espera um crescimento de 1,2%, segundo uma primeira estimativa anunciada pelo presidente do BCE, Mario Draghi, em sua conferência mensal em Frankfurt (oeste), após a decisão da instituição de manter sem alterações sua principal taxa básica, a 0,75%.

O anúncio foi feito em um momento no qual, segundo cifras definitivas do escritório europeu de estatísticas, Eurostat, publicadas nesta quinta-feira, o PIB da zona do euro apresentou contração de 0,1% no terceiro trimestre de 2012, após um retrocesso de 0,2% no segundo trimestre.

Segundo a definição técnica, uma recessão se produz quando o PIB recua durante dois trimestres consecutivos.

Por outro lado, o BCE manteve sua principal taxa a um nível históricamente baixo, no qual se encontra desde julho passado. A decisão era esperada pela maioria dos economistas, apesar da recessão da zona do euro no terceiro trimestre, a primeira desde 2009.

Contudo, essa decisão foi muito disputada, já que alguns dos membros do Conselho de governadores do BCE queriam uma redução, revelou Draghi.

"Houve de fato um amplo debate", disse Draghi durante coletiva de imprensa.

A recessão na qual está imersa a zona do euro não foi o único argumento dos que querem reduzir a taxa básica do BCE. Também alegaram o nível recorde de desemprego (11,7% em outubro) obtido pela região, segundo os analistas.

As políticas de austeridade orçamentária, muitas delas draconianas, implementadas em alguns países da Europa do Sul ; Grécia, Itália, Espanha, Portugal ; são consideradas como responsáveis em parte pela deterioração da economia na zona do euro.

Contudo, para o BCE, essas duras políticas são um mal necessário para sanear as finanças públicas e reestabelecer a competitividade da região no longo prazo.

Em um contexto de crise da dívida na zona do euro, Draghi afirmou que a introdução de "euro-obrigações" ; um instrumento de mutualização das dívidas ; não é uma ideia realista pelo momento, mas será "quando a confiança for reestabelecida, quando ficar claro que todos os países respeitam seus compromissos e realizam políticas econômicas levando em conta suas consequências para outros países".

Por outra parte, o BCE confirmou sua previsão de inflação para 2012 (2,5%), e projeta 1,6% (1,9% na previsão anterior) para 2013 e 1,4% para 2014, segundo uma primeira estimativa.

A principal missão do BCE é garantir a estabilidade dos preços na zona do euro, tentando manter a inflação a um nível inferior a 2% no médio prazo.