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Guerra nos arredores de Damasco contabiliza 14 mortos

Damasco - Uma guerra estava sendo travada nesta quinta-feira (6/12) nas proximidades da capital síria, fortemente defendida pelo Exército, no momento em que a chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, se reunia com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, e com o enviado internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considerou em Bagdá que o presidente sírio Bashar al-Assad deve ser "levado à justiça" caso utilize armas químicas, enquanto Damasco afirma se tratar de "um "complô ocidental grosseiro" para justificar uma intervenção militar.

De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que contabilizou 14 mortos até esta tarde, a artilharia do Exército tem bombardeado a periferia de Damasco, principalmente os bairros de Douma (nordeste), Daraya Mouadamiya e Al-Sham (sudoeste), enquanto combates entre rebeldes e soldados foram relatados em Erbine (leste), onde os insurgentes tomaram três tanques de um depósito do Exército.

Reforços militares foram enviados para recuperar o controle de Daraya, de onde, segundo o Exército, foram disparados os morteiros que caíram recentemente no bairro residencial de Mazzé, em Damasco.

"As tropas avançam lentamente para Daraya, mas o Exército Sírio Livre (ESL) luta ferozmente para impedir que progridam na cidade", explicou um militante anti-regime contatado pela AFP via internet.

"Eles foram capazes de tomar 30% da área e há sérias preocupações sobre o que acontecerá se conseguirem ocupar completamente", acrescentou o ativista, que se identificou com o nome de Abu Kinan.

A agência de notícias oficial Sana indicou que o Exército estava perseguindo "terroristas da Frente Al-Nusra, que pertence à Al-Qaeda, em Daraya".

Citando fontes militares não identificadas, a agência assegurou que Daraya "estará em breve completamente limpa de terroristas", termo usado pelas autoridades para se referir aos rebeldes.

Em outras partes do país, violentos combates ocorreram em Aleppo (norte), enquanto a artilharia bombardeou a província de Deraa (sul), segundo o OSDH, que acrescentou que explosões atingiram as cidades de Hama (centro) e Deir Ezzor (leste).

"Complô ocidental"
Em Al-Safira, no sudeste de Aleppo, a Frente al-Nusra tomou o controle de uma central elétrica, segundo a mesma fonte. A televisão estatal indicou, por sua vez, que os rebeldes explodiram uma estação de gás que alimentava a central, o que provocou o corte da eletricidade em Aleppo.

Na quarta-feira, 104 pessoas morreram vítimas da violência na Síria, entre elas 40 em Damasco e em sua periferia, segundo o OSDH, que se baseia em uma rede de militantes e médicos. Em mais de 20 meses de conflito, cerca de 41.000 pessoas morreram, em sua maioria civis.

Em Bagdá, Ban Ki-moon indicou que "enviou uma carta ao presidente Assad há dois dias e alertou que, o que quer que aconteça, qualquer um que utilizar armas químicas deverá ser levado à justiça".

Também em visita à capital iraquiana, James Miller, subsecretário de Defesa dos Estados Unidos, considerou que o regime "cruzará a linha vermelha" se usar essas armas, repetindo o aviso do presidente Barack Obama.

O vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Moqdad Faisal, afirmou ao canal libanês Al-Manar que isto "é uma encenação".

"Durante os últimos oito meses, temos manifestado a nossa posição e dissemos que, se existem armas químicas, não vão ser usadas contra o nosso povo (...) Tenho medo de que isso seja um complô ocidental grosseiro vindo de Washington para justificar uma intervenção militar".

Em Dublin, Hillary Clinton se reuniu com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, cujo país é um aliado do regime sírio e o emissário internacional Lakhdar Brahimi, informou um funcionário do Departamento de Estado.