Territórios palestinos - Os líderes palestinos e da comunidade internacional denunciaram nesta quarta-feira (5/12) o avanço do polêmico projeto de construção de assentamentos judaicos perto de Jerusalém, apesar da pressão para que Israel desista da ocupação.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a caminho de Berlim, fez uma parada em Praga, onde agradeceu aos líderes da República Tcheca, o único país da União Europeia (UE) a ter votado em 29 de novembro contra o status de Estado observador não membro na ONU concedido à Palestina.
A administração militar israelense "aprovou a continuação do projeto de construção no setor E1 entre Jerusalém e Maaleh Adumim", colônia da Cisjordânia ocupada, afirmou à Rádio do Exército.
A rádio pública israelense indicou que a população dispõe agora de um prazo de dois meses para apresentar objeções, antes que as discussões sobre o programa sejam reiniciadas.
"Esta decisão de colonização é um desafio e um ato de provocação da parte de Israel em relação à comunidade internacional e ao mundo inteiro, que condenou o colonialismo e pediu que parasse", declarou à AFP o porta-voz do presidente palestino Mahmud Abbas, Nabil Abu Rudeina.
"Se Israel decidir começar a construção no setor E1 e validar estas decisões de colonização, consideraremos que decidiu colocar fim ao processo de paz e à solução de dois Estados" entre palestinos e israelenses, afirmou o negociador palestino Saeb Erekat.
"Este será o fim de qualquer chance de diálogo sobre a paz no futuro", considerou Erekat.
O projeto, se concluído, dividirá a Cisjordânia em duas e isolará Jerusalém Oriental ocupada e anexada, colocando em risco a viabilidade de um futuro Estado palestino.
Mudança de última hora
Depois de vários dos seus Estados-membros, incluindo a França, Grã-Bretanha e Espanha, a UE convocou o embaixador israelense para expressar sua "preocupação" sobre este projeto de colonização.
O jornal israelense Haaretz informou que o plano é "acrescentar de última hora" e em caráter de urgência na agenda da Comissão de Planejamento do Ministério da Defesa "a construção de 3.400 unidades habitacionais no corredor E1 entre Maaleh Adumim e Jerusalém".
Netanyahu anunciou a retomada da construção nas colônias, incluindo o projeto E1, congelado desde 2005, sob pressão dos Estados Unidos, como resposta à concessão por parte da ONU do status de Estado observador não membro nas Nações Unidas à Palestina.
A liderança palestina, reunida na noite de terça-feira com o presidente Mahmud Abbas, anunciou que havia decidido, "como primeira medida, comparecer ao Conselho de Segurança da ONU, em nome do Estado da Palestina, para pedir uma resolução vinculante para que Israel encerre as destrutivas medidas de expansão e qualquer forma de colonização".
As autoridades palestinas "manifestam com veemência a sua oposição às últimas decisões de colonização em Jerusalém e em seus arredores, incluindo o projeto E1, porque o destino da solução de dois Estados e o futuro do processo político dependem do fracasso deste projeto, o mais perigoso da história da colonização".
O jornal israelense Maariv informou que o governo de Netanyahu tenta reduzir as preocupações do governo dos Estados Unidos, lembrando que as construções só devem começar com a sua autorização expressa.
"Se houver progresso nas negociações com os palestinos ou uma verdadeira ameaça de sanções contra Israel, principalmente da Europa e dos Estados Unidos, o procedimento poderá ser interrompido", disse ao jornal um alto funcionário israelense.