Cairo - O presidente egípcio Mohamed Mursi anunciou neste sábado à noite um referendo sobre o projeto de Constituição adotado esta semana, que divide o país.
Mursi convidou "todos os egípcios a (se pronunciar em) um referendo sobre o projeto de Constituição no sábado, 15 de dezembro", depois de o presidente da comissão constituinte lhe entregar o projeto final da Constituição durante uma cerimônia oficial no Cairo.
"O projeto expressa os objetivos da revolução" que derrubou Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, acrescentou o islamita Mursi.
"A nação se constrói com todos nós. A democracia é a participação. Convido todos os cidadãos a examinar com precisão e objetividade este projeto", afirmou.
"Renovo o convite de abertura de um debate nacional sério sobre os males nacionais com total franqueza, para pôr fim ao período de transição o quanto antes e proteger nossa democracia incipiente", declarou.
A comissão constituinte votou o projeto de Constituição entre quinta à noite e sexta-feira.
O texto conta com o apoio dos islamitas, mas não agrada os laicos, os liberais e a comunidade cristã, que o acusam, sobretudo, de atentar contra a liberdade de expressão e de religião.
Além disso, o projeto, que estava paralisado há meses, foi adotado em plena crise política devido à decisão de Mursi de conceder poderes excepcionais a si próprio, especialmente em relação ao aparelho judicial.
"Mursi submete a referendo um projeto de Constituição que mina as liberdades fundamentais e viola os valores universais. A luta continua", afirmou neste sábado à noite o opositor Mohamed ElBaradei em sua conta de Twitter.
Milhares de islamitas se manifestaram neste sábado no Cairo e em outras cidades do Egito em apoio a Mursi, um dia após um imenso protesto da oposição contra os poderes excepcionais do presidente, o que oferece uma ideia da crescente divisão do país.