Damasco - O exército sírio bombardeou neste sábado a periferia de Damasco, onde se concentram agora os combates contra grupos rebeldes, e as tropas terrestres retomaram um campo petrolífero que haviam abandonado no Leste do país.
O regime, que lançou na quinta-feira uma ampla ofensiva para tomar um raio de oito quilômetros em torno da capital, quer conservar Damasco e suas regiões próximas a qualquer preço para estar em posição de negociar uma saída ao conflito, dizem especialistas.
[SAIBAMAIS]Os ataques alcançaram, entre outras, as localidades de Ghuta Oriental, atravessada pela estrada que leva ao aeroporto internacional.
Na quinta-feira, os combates chegaram às proximidades deste aeroporto, onde a aerolínea nacional SyrianAir afirmou à AFP que o tráfico havia sido retomado normalmente. As autoridades, por sua vez, afirmam ter conseguido proteger a estrada.
No sábado, o Ministério de Informação enfatizou que "o aeroporto funciona normalmente e que a estrada que leva a ele está totalmente protegida", segundo a televisão estatal.
Contudo, um comboio da ONU que havia abandonado o aeroporto de Damasco foi alvo na sexta-feira de disparos de origem indeterminada, pelo segundo dia consecutivo, disse um porta-voz da ONU.
"O exército quer tomar o controle do lado leste do aeroporto (o de Ghuta), onde se encontram milhares de terroristas e isso tomará vários dias", declarou à AFP uma fonte de segurança. O regime vê os rebeldes como "terroristas".
Contudo, o emissário internacional Lakhdar Brahimi disse temer que a Síria se converta em um "Estado em decomposição com todas as desastrosas consequências para o povo sírio, para a região e para a paz e a segurança internacional".
Exército retoma campo petrolífero
No leste do país, onde se encontra a maior zona geográfica, cujo controle escapa por completo ao regime, o exército retomou o campo petrolífero de Al-Omar, que havia abandonado na quinta-feira, disse o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Os rebeldes não haviam se instalado no campo, "pelo temor de que este estivesse minado", explicou à AFP o presidente da OSDH, Rami Abdel Rhaman. Esta infraestrutura é estratégica porque é uma das últimas posições das quais dispõem as tropas do regime de Bashar al-Assad no Leste da cidade de Deir Ezzor, no Iraque.
Em novembro, os rebeldes obtiveram uma vitória de forte simbolismo ao tomar o maior campo petrolífero do país, e várias outras reservas de gás e petróleo.
A produção petroleira síria, que se elevava a 420.000 barris diários antes do início da revolta popular convertida em conflito armado, foi reduzida à metade com a escalada da violência e está principalmente destinada ao consumo interior.
No Norte do país, 14 rebeldes morreram em combates contra membros das forças pró-governamentais nas regiões de uma base de defesa aérea, informou a OSDH, que também informou sobre os bombardeios e os combates em Aleppo, a metrópole do Norte que há mais de quatro meses enfrenta uma guerrilha urbana.
Grande parte do país continua neste sábado incomunicável com o mundo exterior, sem conexão com a internet nem telefônica pelo terceiro dia consecutivo, disse um jornalista da AFP.
Este "apagão" gera temores entre os militantes e as ONGs. A ONU estima que 700.000 refugiados terão fugido da Síria até janeiro.