Londres - A comissão Leveson recomendou nesta quinta-feira (29/11) a criação de um órgão de autorregulação para a imprensa britânica, apoiado pela lei, em um esperado relatório depois de oito meses de investigação sobre a ética dos jornais depois do escândalo das escutas ilegais do News of the World.
"O que proponho é uma regulação independente para a imprensa organizada pela própria imprensa, com um processo de verificação estatutário para apoiar a liberdade de imprensa, dar estabilidade e garantir para o público que este novo órgão seja independente e eficaz ", explicou o juiz Brian Leveson, que presidiu esta comissão na apresentação de seu relatório em Londres.
Depois de oito meses de investigações, o juiz ressaltou que os jornais ignoraram em inúmeras ocasiões nos últimos anos seu atual código de conduta e "causaram estragos nas vidas de pessoas inocentes", priorizando de maneira "temerária" as histórias sensacionalistas.
O juiz também disse que a imprensa desenvolveu uma "relação muito estreita " com os políticos de todas as tendências. "A bola está agora no campo dos políticos. São eles que devem decidir quem guarda os guardiões", concluiu Leveson. O primeiro-ministro David Cameron, que não é obrigado a acatar estas recomendações, deve apresentar sua resposta ao relatório de cerca de 2 mil páginas no parlamento, no início da tarde.
[SAIBAMAIS]Depois de ter criado esta comissão em julho de 2011 devido à onda de indignação provocada pela revelação de que o News of the World teve acesso ilegalmente às gravações da secretária eletrônica de uma adolescente sequestrada e assassinada, Cameron tem agora diante de si um dilema.
Ele deve atender, por um lado, às exigências das vítimas que, como grande parte da opinião pública, querem uma regulação maior da imprensa, mas também deve evitar, por outro lado, gerar a antipatia da mídia, que, apoiada pela maioria de deputados conservadores, defende o atual sistema de autorregulação através da Comissão de Queixas da Imprensa (PCC).