Hilla - Ao menos 38 pessoas, entre elas mulheres e crianças, foram mortas e uma centena ficou ferida nesta quinta-feira (29/11) em atentados contra a comunidade xiita e as forças de ordem no Iraque, colocando mais uma vez em questão a capacidade do governo de assegurar a segurança do país.
Esta é a segunda série de ataques anti-xiitas em três dias. Terça-feira, ao menos 12 pessoas morreram e 50 ficaram feridas em ataques próximos a locais de culto xiitas em Bagdá. Na cidade de Hilla, 95km ao sul de Bagdá, duas bombas explodiram nesta quinta durante a passagem de um grupo de peregrinos xiitas, matando 28 e ferindo 85 pessoas, indicaram a polícia e um médico.
[SAIBAMAIS]Entre as vítimas estão duas mulheres, três crianças e dois médicos, informaram. As forças de segurança interditaram o acesso ao local do atentado e estabeleceram barreiras em toda a cidade a fim de revistar os carros. Na cidade santa xiita de Kerbala, um pouco mais ao sul, um carro-bomba explodiu em uma ponte, matando cinco pessoas e ferindo outras 13, segundo um policial e um médico.
Além disso, um ataque com carro-bomba contra uma patrulha militar em Fallujah, a oeste de Bagdá, causou três mortes entre os soldados e feriu outros três militares e quatro civis. Em Mossul, um policial e um civil morreram e dois outros policiais ficaram feridos em um atentado similar, segundo fontes médicas e da segurança. A cada ano, milhões de xiitas visitam Kerbala para as celebrações da Ashura, em memória ao martírio do Iman Hussein -neto do profeta Maomé, morto em 680 em Kerbala--, que terminam no domingo.
Vigilância em baixa
Este ano, apesar da morte de três peregrinos em atentados, as celebrações têm acontecido em relativa calma, se comparado com os anos anteriores. Mas os atentados desta semana colocam em questão a capacidade das forças de segurança de assegurar a estabilidade do país, que já tem muitas dificuldades para se reerguer em meio a um conflito interreligioso sangrento.
Os combatentes sunitas do Estado Islâmico do Iraque (ISI), um ramo da Al-Qaeda no país, tentam de forma frequente desestabilizar o governo do xiita Nouri al-Maliki, por meio de ataques violentos contra as forças de segurança e a comunidade xiita, maioria no Iraque. "O que aconteceu é que as forças de segurança (que) estavam em seu máximo (de vigilância) e de mobilização", durante a Ashura, baixaram a guarda após as celebrações, considerou Ali al -Haidari, especialista iraquiano em segurança e estratégia.
"As forças de segurança ficam geralmente cansadas depois de tais ocasiões, o que traz benefícios para os inimigos. Adiciona-se a isso a falta de tecnologia moderna para poder detectar explosivos", acrescentou. A violência no Iraque é quase diária, apesar da diminuição drástica desde o conflito sectário de 2006-2008. Os Estados Unidos retiraram em dezembro de 2011 seus últimos soldados do Iraque depois de uma presença de quase nove anos. Eles invadiram o país em 2003 e derrubaram o presidente Saddam Hussein.