A secretaria de Segurança do México desmentiu nesta quarta-feira que o secretário Genaro García Luna tenha recebido dinheiro do narcotraficante Édgar Valdez Villarreal, também conhecido por "La Barbie", que afirma pagar propina ao funcionário desde 2002.
A denúncia do traficante, enviada ao jornal Reforma, "tem como objetivo inibir a ação da autoridade contra as organizações criminosas mediante o descrédito público de quem os enfrenta de fato", disse à imprensa José Ramón Salinas, porta-voz da secretaria de Segurança Pública.
Valdez Villarreal "tenta chantagear a autoridade para obter privilégios (...) em sua permanência na prisão" federal de segurança máxima onde aguarda o veredicto do julgamento por homicídios violentos e tráfico de drogas, afirmou Salinas.
Segundo "La Barbie", García Luna "recebeu seu dinheiro, do narcotráfico e do crime organizado, do mesmo modo que a força tarefa integrada por Armando Espinosa de Benito, que trabalhava com o DEA (Administração Antidrogas dos EUA)".
O traficante afirma que sua captura é "resultado de perseguição política" por parte do presidente Felipe Calderón, que decidiu fazer acordo com os cartéis das drogas, mas não obteve seu aval.
Além de receber dinheiro do narcotráfico desde 2002, a direção da secretaria de Segurança se apodera dos valores apreendidos com os traficantes durante as batidas que realiza, denuncia Villarreal, um americano de origem mexicana de pele, cabelos e olhos claros, parecido com o boneco Ken, companheiro da boneca Barbie.
Capturado no México em agosto de 2010, "La Barbie" corre o risco de ser extraditado a qualquer momento para os Estados Unidos.
O escândalo ocorre três dias antes da posse do novo presidente do México, Enrique Peña Nieto, que enviou ao Congresso uma polêmica iniciativa para eliminar a secretaria de Segurança e transferir suas funções ao ministério do Interior.