Com seu rival Hamas fortalecido após o recente conflito com Israel, o líder do Fatah e presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, se muniu ontem de importantes apoios diplomáticos a seu pedido de adesão como Estado observador das Nações Unidas. A França e a Áustria anunciaram ser a favor da demanda que irá à votação amanhã na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York.
Nos bastidores, havia a perspectiva de endosso da Espanha e do Reino Unido. O Brasil não só já declarou apoio como o copatrocina. Atualmente, a Palestina mantém o status de entidade observadora. Se o pedido de Abbas, apresentado em setembro, for aprovado pela maioria dos 193 membros da ONU, ela passa a ter um assento na organização, mas sem direito a voto, posição equivalente à do Vaticano.
A votação ocorrerá oito dias após o fim do conflito envolvendo Israel e o Hamas em Gaza, que terminou com a morte de 167 palestinos e seis israelenses. Com capacidade militar expandida, inclusive o uso de foguetes de longo alcance, e grande apoio dos países árabes, a facção islâmica, que governa a Faixa de Gaza, saiu fortalecida da crise. Fontes em Nova York consultadas pelo Correio disseram que há uma expectativa de que o voto favorável ao pedido de Abbas ajude a AP e o Fatah, que comanda a Cisjordânia, recuperem seu prestígio e legitimidade internacional. Com o conflito em Gaza, várias análises apontaram para um enfraquecimento político do presidente Abbas e uma provável vitória amanhã pode devolver a ele o protagonismo sobre os temas da Palestina.