Jornal Correio Braziliense

Mundo

Ex-chanceler Tzipi Livni volta com novo partido nas eleições em Israel

Tel Aviv - A ex-ministra israelense das Relações Exteriores e e ex-líder do partido centrista Kadima, Tzipi Livni, anunciou nesta terça-feira (27/11) seu retorno à política e a criação de um novo partido de centro, depois de quase sete meses de ausência.

"Eu decidi voltar à política e criar um partido político que nomeei de ;O Movimento;", declarou Livni em uma coletiva de imprensa, a menos de dois meses das eleições de 22 de janeiro de 2013. Livni, 54 anos, criticou o governo de direita de Benjamin Netanyahu por sua atuação durante as recentes hostilidades em Gaza e na gestão da questão palestina.

"Tudo está de cabeça para baixo. Está claro que o Hamas (no poder em Gaza) não enfraqueceu militarmente, ao contrário, foi fortalecido politicamente (pela ofensiva israelense)", considerou. "O atual governo está negociando com o Hamas que realizou ataques contra Israel (...) e congela qualquer diálogo com aqueles que tentam impedir os ataques", acrescentou, em referência à Autoridade Palestina de Mahmoud Abbas.

"Por causa deste mesmo governo, que se recusa a dizer as palavras ;dois Estados;, nós vamos obter esta semana um Estado na ONU. Nós já tínhamos um Estado do Hamas em Gaza", lamentou. Livni reiterou o seu compromisso com um "Estado judeu e democrático", um mantra para esta experiente diplomata israelense durante o governo de Ehud Olmert, convencida da necessidade de uma divisão territorial com os palestinos para preservar a democracia israelense.

Segundo a imprensa israelense, a nova lista vai incluir seus apoiadores de seu ex-partido de centro-direita e personalidades como o general aposentado Yitzhak Ben Israel e o ex-embaixador israelense na França, Danny Shek. Em 1; de maio, ela anunciou sua demissão do Parlamento, um mês depois de ser derrotada nas primárias do Kadima. "Israel está em um vulcão. O relógio internacional não para e a existência de Israel como um Estado judeu e democrático está em perigo de morte", lançou antes de apresentar sua renúncia ao presidente do Parlamento, Reuven Rivlin.

[SAIBAMAIS]O retorno de Livni ocorre no dia seguinte ao anúncio surpresa da aposentadoria do ministro da Defesa, Ehud Barak, ex-líder do Partido Trabalhista ligado ao chefe do governo Benjamin Netanyahu. Esta advogada fez sua carreira política no Likud (direita), que deixou no final de 2005 para se juntar a Ariel Sharon, fundador do Kadima. Ela, então, tomou à frente do Kadima em 2009, substituindo o primeiro-ministro Ehud Olmert, que renunciou após escândalos de corrupção.



Livni, que se apresenta como uma personalidade íntegra, renunciou ao sonho da "Grande Israel" e defende a criação de um Estado palestino ao lado de Israel, mesmo que exigindo a manutenção dos assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada. Seus críticos a acusam de inexperiência e de não ter a estatura de um líder para a segurança de Israel. Oscilando entre a pomba e o gavião, ela tinha tomado uma posição mais firme na anterior ofensiva devastadora realizada pelo exército israelense em Gaza contra o Hamas.