Bogotã - O ministro colombiano da Defesa, Juan Carlos Pinzón, insistiu nesta segunda-feira (26/11) que a guerrilha comunista das Farc não cumpriu o cessar-fogo anunciado na segunda-feira passada em Cuba, no âmbito dos diálogos de paz que realiza com o governo de Juan Manuel Santos.
"Há algumas evidências que demonstram que não (cumpriram)", disse Pinzón em uma entrevista ao jornal El Tiempo de Bogotá, na qual também afirmou que esta guerrilha "mentiu historicamente para a Colômbia".
"Espero que negociem em breve e, de uma vez por todas, declarem um cessar-fogo para o resto da vida", acrescentou, depois de advertir que, "enquanto isso, as Forças Militares e a Polícia não baixarão a guarda nem por um instante".
O ministro respondeu desta forma às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que no domingo em Havana acusaram Pinzón de estar sabotando os diálogos de paz.
Rubén Zamora, delegado das Farc nestes diálogos, disse em uma declaração a jornalistas que o "ministro da Defesa" e alguns generais "vieram disparando contra o processo de diálogo".
"Manifestamos nosso total respeito ao cessar unilateral das ações ofensivas ordenado pelo Secretariado do Estado-Maior das Farc, ao mesmo tempo em que esclarecemos" que "refere-se especificamente às ações ofensivas", afirmou Zamora em um comunicado lido em Havana.
O cessar-fogo unilateral das Farc foi decretado entre 20 de novembro e será mantido até 20 de janeiro.
Em relação à denúncia de Pinzón, a Frente 36 das Farc e o Bloco Ocidental desta guerrilha expediram comunicados nos quais afirmam que estão comprometidos com o cumprimento da trégua, embora a Frente 36 tenha admitido o ataque contra duas torres de energia porque desconhecia a ordem.
"As torres de energia derrubadas em Reposo, município de Campamento, no dia 20 de novembro, ocorreram porque a ordem de cessar-fogo não chegou a tempo na unidade guerrilheira responsável por nestas ações", disse.
Já o Bloco Oriental afirmou que "no dia 20 de novembro de 2012, unidades da Força Tarefa Apolo do Exército, no âmbito do chamado Plano Espada de Honra, realizaram uma simulação de combates na zona rural da região de Huasanó, no município de Caloto (Departamento de Cauca, sudoeste), nas imediações da população civil, fazendo-a passar como um combate com as Farc".
O governo de Santos não se juntou ao cessar-fogo, advertindo desde o início do processo que o diálogo, que busca pôr fim ao conflito armado com as Farc, seria realizado sem que as forças militares deixassem de combater esta guerrilha e outras organizações armadas ilegais.