Damasco - O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, advertiu nesta sexta-feira a oposição síria, o Qatar e a Arábia Saudita sobre qualquer ação "aventureira" na Síria, onde os rebeldes islamitas e combatentes curdos se preparam para uma guerra aberta no norte do país.
Moscou, outro aliado do regime, criticou a decisão turca de instalar mísseis antiaéreos Patriot em sua fronteira com a Síria, mas Ancara replicou, ressaltando seus objetivos "puramente defensivos". Nesta sexta (23/11), os opositores de Bashar Al-Assad se preparam para manifestar sob o lema "a hora da vitória se aproxima", após os recentes sucessos dos insurgentes no leste e norte do país.
Em Damasco, Larijani, que se encontrou com o presidente Assad, criticou, sem citar nomes, o Qatar e a Arábia Saudita, principais aliados e financiadores da oposição. "Alguns na região querem levar adiante ações aventureiras para causar problemas à Síria", disse à imprensa. "Mas o Irã continua a apreciar o papel de vanguarda da Síria no apoio à Resistência", ou seja, os países que se opõem à Israel e Estados Unidos.
[SAIBAMAIS]Antes de partir de Teerã, o presidente do Parlamento criticou os rebeldes, que infligiram recentes derrotas às tropas governamentais. "Alguns grupos (de oposição) em nome de reformas (...) procuram perturbar a situação política na Síria", disse, antes de indicar que viajaria "para tentar encontrar uma solução ao problema sírio". "Nós apoiamos a democracia e a reforma na Síria, mas somos contra a toda ação aventureira", acrescentou, segundo citado pela agência iraniana Mehr.
Em seguida, Larijani deve se encontrar no Líbano com o presidente xiita do Parlamento, Nabih Berrim e viajar à Turquia, país que pediu para a Otan a instalação de Patriots em sua fronteira. Esta possibilidade não agradou a Rússia que vê um risco de provocar um "conflito armado grave". "Mais acumulamos armas, mais elas correm o risco de serem utilizadas", considerou o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
No caminho de uma guerra total entre rebeldes e curdos
Na Síria, os principais movimentos curdos sírios decidiram formar uma força militar unida para combater insurgentes islamitas no noroeste da Síria, informou um militante curdo.
Combatentes do Partido da União Democrática Curda (PYD), o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, rebeldes curdos da Turquia), estão em conflito há dias com centenas de rebeldes da Frente Al-Nosra e da Brigada Ghouraba al-Shama en Rass Al-A;n, localidade síria na fronteira turca, onde os rebeldes controlam um posto de fronteira.
"Os dois conselhos nacionais curdos do Curdistão do oeste entram em um acordo para formar uma força militar unificada reunindo as forças do PYD e os dissidentes no Curdistão", afirmou este militante que se apresenta com o nome de Havidar. Em sua terminologia, o Curdistão do oeste é a Síria.
Este militante hostil ao regime indicou que a reunião aconteceu no Iraque. Ao mesmo tempo, Al-Nosra e Ghouraba al-Sham, dois importantes grupos radicais islâmicos, chamaram os rebeldes para o resgate, ainda que estas duas organizações não façam parte da principal força de oposição armada, o Exército sírio Livre (ESL).
O Qatar, que teve um papel de destaque na unificação em 11 de novembro da rebelião síria, pediu à Coalizão de Oposição para nomear um embaixador para Doha, indicou um membro do governo. Quinta-feira, a violência em toda a Síria causou a morte de 138 pessoas, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que conta com uma ampla rede de médicos e ativistas.