Santiago do Chile - Cerca de 49 milhões de latino-americanos e caribenhos, 8,3% da população total do subcontinente, sofrem pela falta de acesso a alimentos, um milhão a menos que há três anos, embora tenha sido registrada uma desaceleração da tendência à queda, disse nesta quinta-feira (22/11) a FAO.
"A fome afeta 868 milhões de pessoas no mundo, 49 milhões das quais encontram-se na América Latina e no Caribe. Isto significa que 8,3% da população da região não ingere as calorias diárias necessárias para levar uma vida saudável", disse um relatório do escritório regional da FAO, que tem sua sede em Santiago.
O número representa uma redução em relação aos números dos anos de 2004 e 2006, que chegava a 54 milhões, e aos registrados entre 2007 e 2009, de 50 milhões, de acordo com o relatório "Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional 2012", apresentado em uma coletiva de imprensa.
No entanto e apesar do crescimento econômico sustentado da região na última década, "pode-se afirmar que embora a tendência à redução no número de pessoas afetadas pela fome se mantenha, (...) seu ritmo (à queda) diminuiu", acrescentou o relatório da FAO.
De acordo com a FAO, o número de pessoas que sofrem com a fome na região "não se explica por uma produção insuficiente ou por falta de abastecimento alimentar - salvo em situações de catástrofe -, mas se deve principalmente à falta de acesso aos alimentos por parte de um setor importante da população, que não conta com renda suficiente para adquiri-los".
Além disso, "o impulso ao crescimento das economias dos países da região não se traduziu em uma diminuição da vulnerabilidade à que está exposta uma parte importante da população do continente".
Os países mais afetados pela fome na região são Haiti (com prevalência de 44,5%), Guatemala (30,4%), Paraguai (25,5%), Bolívia (24,1%) e Nicarágua (20,1%).
Já Cuba, Argentina, Chile, México, Uruguai e Venezuela "conseguiram erradicar o flagelo da fome, enquanto países do Caribe, como República Dominicana e Haiti, e outros da América Central, como a Guatemala, estancaram ou desaceleraram a redução da fome", disse a FAO.
"Grande parte dos países reduziu a proporção da população com fome, entre os quais se destaca o Brasil, onde a fome diminuiu fortemente em termos absolutos e relativos", acrescentou o organismo.
A FAO também destacou que "a alta dos preços dos alimentos e as oscilações que afetam desde 2007-2008 a economia mundial, e, em particular, a região, constituem uma ameaça à segurança alimentar e nutricional dos lares mais pobres e vulneráveis, que são os que destinam uma maior proporção de sua renda à alimentação".
Entre junho e agosto de 2012, de acordo com a FAO, o preço médio do milho aumentou 25%, o da soja 20% e o do trigo 26%.