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Rebeldes ocupam área importante no leste da Síria, na fronteira com Iraque

Damasco - Os rebeldes sírios passaram a assumir o controle de uma parte importante do leste do país, ao longo da fronteira com o Iraque, ao se se apoderarem, nesta quinta-feira (22/11), de uma cidade estratégica da região.

Desde o início da revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em março de 2011 - que depois se transformou em guerra civil -, a violência deixou mais de 40.000 mortos, em sua maior parte civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma organização não governamental com sede na Grã-Bretanha que se baseia nas informações de uma rede de militantes e de fontes médicas.

"A região, que se estende da fronteira iraquiana à beira de Deir Ezzor, é atualmente o setor mais importante que escapa totalmente ao controle do exército", explicou à AFP o presidente do OSDH, Rami Abdel Rahman.

Ao fim de um cerco de três semanas e de um ataque, durante o qual ao menos dez soldados morreram, os insurgentes tomaram o controle de um campo militar próximo de Mayadin, segundo o ODH, que afirma que o exército não está mais presente na cidade



Os insurgentes também tomaram há pouco tempo outra importante base do exército de Bashar al-Assad, a base 46, no norte da Síria, perto da Turquia, mas perderam a base próxima de Xeque Suleiman, ao redor da qual o exército ganhou espaço na quarta-feira, segundo o OSDH

A base Xeque Suleiman é atualmente o único obstáculo para a libertação quase completa por parte dos rebeldes de uma grande zona que vai da fronteira turca à cidade de Aleppo. O regime, cujo exército deve enfrentar uma rebelião cada vez mais ousada, reduziu suas ambições territoriais para se concentrar no sul, Damasco, no centro da Síria e na região alauita, no nordeste, apontam os analistas.

O objetivo do regime, de acordo com muitos especialistas, é permanecer em suas posições para ter uma carta na manga quando chegar a hora das negociações.

Mísseis Patriot na Turquia

Os vizinhos da Síria temem que o conflito se estenda, e a Turquia pediu à Otan a mobilização de mísseis de defesa antiaérea Patriot em seu território.

Os Estados Unidos se manifestaram favoráveis a esta demanda, Berlim indicou esperar que o Parlamento Alemão dê sinal verde até meados de dezembro e o governos da Nova Zelândia afirmou que "discutirá a possibilidade de uma contribuição". Entre os 28 membros da Otan, apenas esses três países possuem Patriots. Paris, por sua vez considerou que não "há razões de rejeitar" o pedido.

Moscou, aliado de Damasco, desaconselhou a Turquia de mobilizar os Patriot, pedindo que priorize uma solução política ao invés de "mostrar (seus) músculos). No terreno, o exército retomou os bombardeios no sul de Damasco, segundo o OSDH, onde seis civis, dois soldados e dois rebeldes morreram nesta manhã.

O jornal do partido Baas, no poder, escreveu em sua edição de hoje: "A limpeza da região de Damasco entrou oficialmente em sua fase final com a eliminação de dezenas de terroristas (...) em Ghouta Oriental nos últimos dias" . Esta região é a principal base de retaguarda dos rebeldes que tentam tomar Damasco. O regime trata os rebeldes como "terroristas" armados e financiados pelo exterior.

No nordeste, predominantemente curdo, centenas de combatentes rebeldes e curdos estavam amontoados em Ain al-Rass, perto da fronteira com a Turquia, segundo o OSDH e moradores que temem o ressurgimento da violência depois de combates mortais no início da semana.

Na quarta-feira, 122 pessoas morreram em meio à violência em todo o país, entre as vítimas 46 soldados, 37 civis e 39 rebeldes, segundo o OSDH.