Aposentado aos 57 anos da vida política depois de ter sido derrotado pelo socialista François Hollande na eleição presidencial de maio, o ex-presidente também pode ser interrogado como "testemunha assistida", uma condição intermediária entre a simples testemunha e o réu. Esta é a segunda vez na história recente da França que um ex-chefe de Estado é convocado por um juiz, depois de Jacques Chirac, condenado no ano passado por dois casos de empregos fictícios em Paris na época em que era prefeito da capital.
A justiça tenta determinar se o dinheiro de Liliane Bettencourt, idosa psicologicamente frágil desde 2006, foi utilizado em proporções muito superiores aos níveis legalmente autorizados para financiar a campanha presidencial de Sarkozy em 2007 e sem que ela tivesse dado seu consentimento com plena consciência.
A suspeita se baseia em declarações da ex-contadora de Bettencourt, Claire Thibout, que afirmou à polícia em julho de 2010 que o homem de confiança da família, Patrice de Maistre, lhe pediu 150.000 euros em dinheiro no início de 2007 e afirmou que repassaria o dinheiro a Eric Woerth, na época tesoureiro da campanha de Nicolas Sarkozy. Os juízes também tentarão averiguar porque Sarkozy pareceu vigiar de perto a evolução do caso Bettencourt, já que recebeu oito vezes entre 2008 e 2010 o ex-procurador Philippe Courroye, inicialmente encarregado do processo.
Uma condenação comprometeria o retorno à política a curto prazo de Sarkozy, caso o presidente desejasse fazê-lo. Desde sua derrota em maio, Sarkozy manteve silêncio sobre suas intenções, mas continua sendo o candidato preferido dos simpatizantes da direita para a próxima presidencial francesa, prevista em 2017.