Jornal Correio Braziliense

Mundo

Cerca de 99% dos crimes cometidos no México ficam impunes, diz relatório

México - Apenas oito em cada 100 crimes cometidos no México são denunciados e 99% deles ficam impunes, afirmou a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) em um relatório publicado nessa quarta-feira (21/11) em seu site.

A CNDH informou que seu presidente, Raúl Plascencia, participou em uma reunião com os integrantes da Comissão de Direitos Humanos do Senado, perante os quais denunciou que o crime organizado que atinge o México se soma à pouca eficiência das forças policiais na aplicação da justiça.

"Apenas oito em cada 100 crimes cometidos são denunciados (...) e apenas um por cento dos crimes registrados é perseguido" pelas procuradorias e chega à sentença condenatória, afirma a Comissão no texto. De 2005 até a data, acrescentou, o organismo público autônomo recebeu 34.385 queixas contra servidores da segurança pública federal.

Plascencia também afirmou que nos últimos anos aumentaram a tortura e os tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, as prisões arbitrárias, as buscas e invasões ilegais, o desaparecimento forçado e os assassinatos. Atualmente, a Comissão investiga 2.126 casos de desaparecimento forçado, contabiliza 46.015 pessoas executadas nos últimos seis anos, assim como 15.921 cadáveres não identificados e 1.421 cadáveres sepultados em fossas clandestinas.

[SAIBAMAIS]Se em 2005 foi registrada apenas uma queixa por tortura, em 2011 o número de tratamentos cruéis, desumanos e degradantes chegou a 2.040. Plascencia também falou da crise do Sistema Penitenciário Nacional, que conta com uma população de 239.760 réus e 418 centros de detenção, incluindo os federais e estatais.



"O Estado desembolsa enormes recursos para o combate ao crime e para a prisão de criminosos, mas praticamente abandona o interno uma vez que ele se encontre na prisão", afirmou. As denúncias da CNDH ocorrem a nove dias da posse do presidente eleito Enrique Peña Nieto, que enviou ao Congresso uma iniciativa para suprimir a Secretaria de Segurança Pública, cujas funções se somariam às da Secretaria de Governo.