Menos de um ano depois de sua vitória e de uma troca de primeiro-ministro, o PDJ perdeu as eleições para o Senado e passou a comandar um país ingovernável. Diante de um iene nas alturas e afetado pela crise econômica mundial, o PDJ teve que desistir de suas promessas mirabolantes de gestão escrupulosa dos fundos estaduais e de redistribuição. Mas, acima de tudo, teve de enfrentar e gerenciar a pior tragédia vivida pelo Japão: tsunami, terremoto e acidente nuclear de 11 de março de 2011, uma catástrofe humana, ambiental e econômica da qual o país está longe de se recuperar plenamente. Neste contexto, a direita, liderada pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, não deixou de criticar "as promessas irreais do PDJ".
Este nacionalista convicto, que conduziu o país de setembro de 2006 a setembro de 2007, é o favorito para se tornar o novo chefe de Governo. Em seus anos nas sombras conseguiu entrar em sintonia com o povo. "Vamos acabar com o caos atual, devido a um mal-entendido do que é a administração de negócios", declarou Abe nesta sexta-feira.
Ele acrescentou: "A coisa mais importante é reconstruir a economia, a região afetada pelos desastres e as relações diplomáticas." Abe tem ainda mais chances de alcançar seus objetivos que o PDJ que está em frangalhos. Dezenas de deputados abandonaram o governo antes mesmo da dissolução para participar da criação de um novo partido de esquerda, ou compactuar plenamente com o "inimigo".
Contudo, o novo premier terá que ser cauteloso com os líderes de partidos novos, que ainda não determinaram o seu lado, como o ex-governador de Tóquio Shintaro Ishihara e o prefeito de Osaka, Toru Hashimoto. Para além dos destinos pessoais, o Japão continua a ser o reino de instabilidade política: a mudança de primeiro-ministro iminente será a sétima desde 2006.