Pequim - O vice-primeiro-ministro chinês Li Keqiang, segundo mais alto dirigente depois de Xi Jinping, sucede dentro do Partido comunista Wen Jiabao, a quem substituirá em março como primeiro-ministro na dura tarefa de dirigir a segunda maior economia mundial. Diplomado em direito na prestigiada Universidade de Pequim e doutor em economia rural, Li, de 57 anos, cultivou uma imagem de administrador prudente, cuja prioridade é o desenvolvimento de uma classe média cada vez mais próspera na China.
Ele fala inglês fluentemente e manifesta seu apoio a reformas econômicas necessárias para reorientar um modelo de crescimento que atualmente mostra seus limites. Originário de Anhui (leste), uma província do interior relativamente pobre, Li escalou os degraus da Liga da Juventude Comunista sob as asas do presidente Hu Jintao, que dirigia esta organização nos anos 1980.
Nos últimos cinco anos, trabalhou estreitamente com Wen, depois de ter dirigido sucessivamente as províncias de Henan (centro), uma das mais povoadas do país, e Liaoning (nordeste), um reduto industrial.
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[SAIBAMAIS]Sua carreira apresenta, no entanto, uma mancha: quando era governador e depois secretário do Partido em Henan, de 1999 a 2003, as autoridades dificultaram o trabalho dos jornalistas e das ONGs no esclarecimento de um escândalo de sangue contaminado com o vírus da Aids. Igualmente, Li dirigiu uma comissão para esclarecer uma série de escândalos sanitários que não deu resultados.
Dentro do gabinete de Wen, Li Kegiang manifestou sua vontade de reequilibrar o modelo de crescimento chinês para um desenvolvimento menos dependente das exportações e do investimento e onde o consumo tenha um papel maior.
Mas até agora, seus esforços tiveram um êxito relativo, e é preciso ver se conseguirá impor-se a uma direção que governa por consenso e em que os interesses das províncias, das municipalidades e das empresas do Estado pesam muito.
"Li Keqiang tem uma boa compreensão da economia, mas falta a ele personalidade e carisma", afirma Willy Lam, analista política da Chinese University de Hong Kong.
"Alguns em Pequim duvidam de sua capacidade para aplicar sua política nos ministérios e nas províncias", como foi o caso de Wen Jiabao, acrescenta Willy Lam.
A faculdade de Li para impor-se já foi questionada por críticas que destacaram que enquanto vice-primeiro-ministro foi incapaz de controlar o aumento desenfreado dos preços no setor imobiliário.
Em um círculo mais privado, o atual vice-primeiro-ministro se destacou por seu sentido crítico. Um telegrama diplomático publicado em 2010 pelo site Wikileaks revelou que Li dúvida da credibilidade das estatísticas econômicas chinesas.
Como no caso da maioria dos altos dirigentes chineses, pouco se sabe de sua vida privada. A imprensa local informa que sua esposa, Cheng Hong, é professora de Literatura na Universidade de Pequim e que o casal tem uma filha que cursa estudos superiores nos Estados Unidos.