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Oposição síria unida inicia busca por reconhecimento internacional

Cairo - A oposição síria conseguiu nesta segunda-feira (12/11) formar uma coalizão unida para apresentar uma alternativa confiável ao regime de Bashar al-Assad, e espera agora um reconhecimento internacional para esta instância, cuja formação foi saudada pelos ocidentais.

Seu novo chefe, Ahmed Moaz al-Khatib, deve viajar algumas horas depois da assinatura do acordo, em Doha, para a sede da Liga Árabe, no Cairo, "primeiro passo no caminho de um reconhecimento internacional", segundo o Qatar, que patrocinou as negociações da oposição.

Em terra, as tropas do regime mantinham a pressão sobre a maioria dos bastiões rebeldes, intensificando os ataques aéreos em setores do nordeste do país fronteiriços com a Turquia, enquanto violentos combates as opunham aos rebeldes em outras regiões do país.

Depois de uma reunião de quatro dias e de intensas pressões internacionais, os integrantes da oposição conseguiram entrar em acordo sobre a organização da "Coalizão Nacional Síria das Forças da Oposição e da Revolução".

Além do xeque Khatib, a direção desta nova coalizão conta com dois vice-presidentes, Riad Seif, um ex-deputado, e a militante Suhair Atasse, que teve um papel importante na coordenação da revolta no interior do país.

Este acordo foi saudado imediatamente pelos Estados Unidos, que prometeram dar seu apoio à nova coalizão, "que abre o caminho para o fim do regime sangrento de Assad e para o futuro de paz, de justiça e de democracia".

A França também manifestou seu "pleno apoio", declarando que agiria pelo reconhecimento internacional desta nova entidade "como representante das aspirações do povo sírio". A Grã-Bretanha viu a equipe como uma estrutura capaz de assegurar uma transição política.

O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), integrado por seis monarquias, anunciou que reconhece a nova coalizão de oposição síria como representante legítimo do povo sírio, segundo comunicado de seu secretário-geral, Abdulatif al Zayani.

Moscou, um dos principais aliados de Damasco, pediu à coalizão que privilegie o diálogo com o regime, uma opção descartada pelos opositores, que insistem que não negociarão nada se o presidente Assada não deixar o poder.

Resta agora saber a reação de outros aliados do regime sírio, China e Irã, que rejeitam qualquer ingerência na Síria e favorecem uma solução política.

Em sua primeira declaração depois de sua eleição, o xeque Khatib considerou que "agora corresponde à comunidade internacional cumprir com seus compromissos" e ajudar os sírios vítimas "de um extermínio sistemático".

Georges Sabra, o novo chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal integrante da nova coalizão, afirmou: "Não apenas necessitamos de dinheiro e pão, mas também precisamos de armas para nos defendermos".

No país, a violência não dava trégua, e o nordeste da Síria, onde os ataques aéreos se multiplicaram, estava mais uma vez sob o fogo dos caça-bombardeiros do regime.

A aviação lançou barris com explosivos nos arredores de Mareta al-Numem, onde a rebelião e o exército disputam este cruzamento de caminhos que levam a Aleppo, de Damasco, e para Lataquia, na costa, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

Por sua vez, um avião de combate sírio bombardeou a localidade de Ras Al In, fronteiriça com a Turquia, onde desde a noite de quarta-feira (7/11) rebeldes e forças leais ao governo de Damasco se enfrentam.

O aparato lançou uma potente bomba a menos de 150 metros da fronteira turca, provocando pânico entre os habitantes, alguns dos quais fugiram para a Turquia para se proteger. Ao menos doze sírios, entre civis e rebeldes, morreram e vários outros ficaram feridos.

As autoridades turcas locais pediram à população que se afaste da zona fronteiriça e fecharam as escolas como medida de precaução, enquanto o exército mobilizou reforços na zona.

[SAIBAMAIS]Nas Colinas de Golã, a sudoeste, onde pela primeira vez desde 1973 Israel, que ocupa e mantém sob anexação uma parte das Colinas, fez disparos de advertência. Um obus sírio caiu na parte das colinas ocupadas por Israel, provocando nova resposta do exército hebreu, que alcançou um objetivo sírio, segundo um comunicado militar.

Segundo balanço provisório do OSDH, 38 pessoas morreram nesta segunda-feira na Síria. O conflito na Síria, que começou no dia 15 de março com a repressão pelo regime de um movimento de protesto popular e que se tornou armado com o decorrer do tempo, deixou até agora ao menos 37 mil mortos, segundo o OSDH.