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Putin demite ministro da Defesa por escândalo de corrupção

MOSCOU - O presidente russo Vladimir Putin demitiu o ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, por um escândalo de corrupção, na primeira grande mudança ministerial desde que retornou ao Kremlin para o terceiro mandato.

Putin substituiu Serdiukov, que executou uma impopular reforma apoiada pelo Kremlin, pelo ex-ministro de Situações de Emergência e atual governador de Moscou, Serguei Shoigu, um homem de sua confiança e que terá a missão de executar planos "grandiosos" para rearmar o país. "Com a situação cada vez mais difícil no ministério da Defesa, tomei a decisão de liberar de suas funções o ministro Serdiukov para garantir uma investigação objetiva", declarou o presidente russo.

A destituição do ministro da Defesa coincide com o plano do Kremlin de aumentar consideravelmente o orçamento militar, o que acontecerá, segundo os analistas, em detrimento das pastas da Educação e da Saúde.

No fim de outubro teve início uma investigação sobre uma empresa controlada pelo ministério, a Oboronservis, por fraude na venda de bens imobiliários, terrenos e ações de sua propriedade.

Segundo o comitê investigador russo, alguns funcionários do ministério escolhiam os bens imobiliários mais prestigiosos administrados pela empresa. Eles investiam nos imóveis um grande volume de dinheiro procedente do orçamento russo e depois revendiam, por meio de empresas ligadas a Oboronservis, a preços inferiores aos do mercado.

Segundo as primeiras informações, o prejuízo provocado pela venda de apenas oito imóveis foi de três bilhões de rublos (74 milhões de euros), segundo o comitê.A Oboronservis, criada em 2008 por um decreto do Kremlin, tem atribuições muito diversas, que vão da manutenção de equipamento do exército à publicação de livros do ministério, passando pela organização do abastecimento das tropas.

"Se for necessário, ele (Serdiukov) pode ser interrogado na investigação criminal" sobre este caso", afirmou o porta-voz do comitê de investigação, Serguei Markine, à agência Itar-Tass.

Os boatos sobre a destituição de Serdiukov, no cargo de 2007, não pararam desde a explosão do escândalo, especialmente depois que o site Lifenews.ru revelou que durante uma operação de busca e apreensão na casa de uma suspeita, Evguenia Vassilieva, os investigadores chegarão ao próprio ministro. Vassilieva estava no comando do departamento de propriedades do ministério da Defesa.

Serdiukov é o genro de um aliado de Putin, Viktor Zubkov, natural como ele de São Petersburgo e que durante algum tempo comando o governo russo. Mas segundo o analista Pavel Felgenhauer, tinha muitos inimigos dentro do governo.

"Putin decidiu dar exemplo na luta contra a corrupção. Precisa mostra que ninguém é insubstituível, precisa que toda a elite tenha medo", completou o analista.