Jornal Correio Braziliense

Mundo

Solidariedade alivia as dificuldades dos nova-iorquinos vítimas de Sandy

Nova York - O norte de Manhattan se tornou um verdadeiro campo de refugiados para o sul de Manhattan", afirma Jordan Elpern-Waxman, uma nova-iorquina que, como muitos outros, não tem água quente nem aquecimento em casa, e que teve de contar com a solidariedade dos outros cidadãos para passar por esse momento difícil vivido por Nova York.

Em uma cidade muitas vezes descrita como dura e egoísta, os habitantes poupados pela supertempestade Sandy correram para oferecer aos mais desafortunados eletricidade, uma refeição quente ou uma cama para a noite.



Jordan Elpern-Waxman não tem eletricidade em seu apartamento no Lower East Side. Ele encontrou refúgio na casa da amiga Gina Shedid, no bairro Bushwick, Brooklyn, não afetado. "Eu não tenho energia elétrica, nada de aquecimento, nem água quente. Decidi sair daqui porque tenho que ser capaz de trabalhar", disse.

"Todo mundo em Manhattan abriga pessoas, é como se a parte alta de Manhattan tivesse se tornado em um campo de refugiados dos moradores do baixo Manhattan. Falei com Gina e ela me disse que tinha um quarto disponível", acrescenta.

Angie Dykshorn, uma fotógrafa de 36 anos, carregou seu celular em uma estação adaptada que funciona graças a uma bicicleta. Muitos lugares onde você pode recarregar seu celular estão disponíveis por toda a cidade. "Podemos conseguir uma refeição gratuita em alguns lugares", disse ela. "Na Charcoal BBQ, na Avenida C, por exemplo".

Outras empresas também se mostram solidárias. Bancos, supermercados e caminhões-restaurantes ofereceram suas tomadas elétricas para aqueles que precisam, as academias abriram seus vestiários, carteiros de bicicleta se organizaram para fornecer entregas.

Na internet, dezenas de pessoas ofereceram seus serviços em sites de anúncios, como o popular Craigslist.

Brigada de limpeza

"Eu coloquei uma plataforma suprimentos/alimentos/água no Upper West Side para atender o Lower East Side", escreveu Monica O;Malley em um site chamado "Occupy Sandy", em referência ao movimento anti-capitalista Occupy Wall Street, que ocupava há um ano o distrito financeiro da cidade.

Funcionária de uma associação, Cecilia Pineda, 22 anos, oferece sua ajuda depois de fazer parte de uma brigada de limpeza no Brooklyn e de equipes móveis para fornecer refeições. "Tive sorte. Tive eletricidade cortada, mas quando vejo o que outros experimentaram, eu quero fazer alguma coisa", disse.

Leia mais notícias em Mundo

No edifício Melissa Maldonado-Salcedo no Lower East Side, muitas pessoas estão muito velhos ou muito frágil para ir. "As pessoas já cozinharam tudo o que tinham em suas geladeiras, para que não se perdesse nada compartilharam", contou. "Eu vivo em um bairro inerte, mas na necessidade as pessoas se mobilizaram". Ela vai de porta em porta nos apartamentos de seu prédio para levar água para os vizinhos. O elevador não funciona.

Outros ajudam as pequenas empresas cujos escritórios estão inutilizáveis.

Charlie O;Donnell, 33 anos, que dirige uma empresa de capital de risco, ajuda os outros a se "conectar". "Imediatamente após o furacão, entrei em contato com as empresas nas quais eu faço investimentos e as pessoas queriam saber se eu sabia de escritórios que poderiam ser usados", disse ele.

Com a hashtag #sandycoworking no Twitter, ele tem ajudado dezenas de empresas a encontrar instalações vazias.

Esta solidariedade traz lembranças: "Foi a mesma coisa após o 11 de setembro", disse Angie Dykshorn, evocando os atentados de 11 de setembro de 2001, "é difícil viver sem eletricidade, então contamos com os outros".