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Tripulantes de 'navio escola' detido desembarcam na Argentina

Buenos Aires - Os 280 marinheiros da fragata ;Libertad;, navio escola da Marinha argentina retido em Gana por uma demanda judicial de um fundo especulativo, desembarcaram na madrugada desta quinta-feira (25/10) no aeroporto internacional de Ezeiza (32 km ao sul de Buenos Aires).

Os tripulantes da fragata, que está retida em um porto próximo a Acra desde 2 outubro, viajaram em um voo especial da Air France. Eles foram recebidos por parentes com aplausos. No avião estavam a maioria dos tripulantes argentinos do navio, assim como oficiais do Chile, Paraguai, Brasil, Equador e Venezuela, convidados para a viagem de instrução.

Esposas com seus filhos e demais familiares dos marinheiros, com cartazes de boas-vindas, lotaram o aeroporto de Ezeiza, o principal da Argentina, para receber os parentes. O navio-escola ;Libertad;, retido desde 2 de outubro em Tema, foi mantido no porto do país africano a pedido do fundo especulativo NML, que exige o pagamento de uma dívida de mais de 370 milhões de dólares por parte de Buenos Aires.

O fundo NML Capital, com sede nas Ilhas Caimã, se negou a entrar no acordo envolvendo pagamentos que a Argentina realizou entre 2005 e 2010 de cerca de 100 bilhões de dólares de dívida em "default", que teve a adesão de 93% dos credores. Segundo um advogado do NML, a fragata ;Libertad; poderá ser liberada na quinta-feira se a Argentina pagar uma fiança de 20 milhões de dólares. O governo da presidente Cristina Kirchner reiterou que não negociará com o grupo.

[SAIBAMAIS]Na véspera, o chanceler argentino Héctor Timerman reivindicou na ONU a libertação da fragata, denunciando a ação ilegal ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral Ban Ki-moon. Timerman se reuniu em Nova York com o presidente do Conselho de Segurança da ONU, o embaixador guatemalteco Gert Rosenthal, com Ban Ki-moon e com o presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Vuk Jeremic, além da secretária-geral assistente para assuntos legais, Patricia O;Brien.



O governo argentino pediu a aplicação de um princípio de 1926 segundo o qual "os navios de guerra têm imunidade frente a todo tipo de ações entre particulares, ou um indivíduo e um Estado ou entre Estados", como lembrou Timerman. A Argentina apelou na segunda-feira da decisão do juiz de Gana de reter a embarcação e alertou que se reservava o direito de recorrer aos tribunais internacionais, já que o caso é uma violação de uma convenção assinada tanto pela Argentina como pela República de Gana.