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Cuba flexibiliza regulações migratórias a partir de 2013, mas com limites

Havana - O governo de Cuba flexibilizará sua política migratória a partir de 14 de janeiro de 2013 com a eliminação da licença de saída e de outras restrições, em vigor há décadas, mas culpou a política dos Estados Unidos pelos limites desta flexibilização.

Decretos publicados nesta terça-feira (16/10) no Diário Oficial, assinados pelo presidente Raúl Castro e por outras autoridades, eliminam a permissão de saída que as autoridades podem conceder ou negar aos solicitantes, que precisavam pagar 150 dólares.

A medida também suprime a necessidade de uma carta de convite para viajar ao exterior, solicitada por parentes ou amigos em outros países a um custo de 200 dólares, e prolonga de onze para 24 meses a autorização de estadia no exterior dos cidadãos cubanos.

Também acaba com o custo da permissão de entrada para os emigrados quando viajam a Cuba, e estende seu período de visita de um a três meses, prorrogáveis.

Esta reforma migratória foi anunciada há dois anos por Raúl Castro, que em 2006 substituiu seu irmão doente, Fidel, e é realizada no âmbito de mudanças para "atualizar" o modelo cubano.

A partir de 14 de janeiro, os cubanos só precisarão de um passaporte para viajar a outros países, além dos vistos que os países de destino eventualmente exijam.

Os mesmos decretos estabelecem que não terão direito a passaportes os presos, processados pela justiça, devedores do Estado e os que por razões de defesa e segurança nacional sejam considerados pelas autoridades inaptos a receber o documento.

A blogueira opositora Yoani Sánchez, que afirma que teve o visto de saída negado em 20 ocasiões, comentou no twitter.com/yoanysanchez: "Meus amigos dizem para que eu não tenha ilusões com a nova ;Lei Migratória;... esclarecem que eu estou na ;lista negra;. Mas tentarei".

Outros cubanos, que não entram nestas categorias de impedidos de obter passaporte, precisarão de permissão de seus superiores para solicitar o documento.

São militares, profissionais, médicos e atletas de alto rendimento, que são "vitais" para o desenvolvimento do país, em todas as áreas.

"Enquanto persistirem as políticas (dos Estados Unidos) que favorecem o ;roubo de cérebros;, destinadas a nos despojar dos recursos humanos imprescindíveis para o desenvolvimento econômico, social e científico do país, Cuba será obrigada a manter medidas para sua defesa neste sentido", afirma um editorial do jornal oficial Granma.

[SAIBAMAIS] O Granma considerou que "qualquer análise do problema migratório cubano passa inexoravelmente pela política de hostilidade que o governo dos Estados Unidos tem desenvolvido contra o país por mais de 50 anos".

De acordo com o jornal oficial do regime, "o caráter desumano desta política, que estimula por um lado as saídas ilegais do país e, por outro, obstrui a possibilidade de emigrar de maneira legal, ordenada e segura, tem a clara intenção de transformar os cubanos que desejam morar em outros países em supostos opositores políticos e em um fator de desestabilização interna".

A retirada da licença de saída, da carta de convite e de outras restrições foram algumas das demandas mais frequentes nas assembleias populares prévias ao VI Congresso do Partido Comunista, realizado em abril de 2011, e de uma série de acadêmicos, como Esteban Morales, e de artistas como Silvio Rodríguez, ambos simpatizantes do Governo.

Segundo o Granma, "gradualmente serão adotadas outras medidas relacionadas com o tema migratório, que sem dúvida ajudarão a consolidar os prolongados esforços da Revolução com o objetivo de normalizar plenamente as relações de Cuba com sua emigração".