Buenos Aires - O comandante da Marinha de Guerra da Argentina, almirante Carlos Alberto Paz, apresentou nesta segunda-feira (15/10) sua renuncia após o governo punir dois oficiais envolvidos no arresto da fragata "Libertad" em Gana devido ao "default" da dívida argentina.
"A presidente Cristina Kirchner nomeou o vice-almirante Daniel Alberto Martín como chefe do Estado-Maior da Marinha para o lugar do almirante Carlos Alberto Paz", informa o site do governo. O texto não cita os motivos da renúncia, mas o ministério da Defesa havia anunciado mais cedo o afastamento de dois oficiais da arma "com o objetivo de estabelecer responsabilidades" pelo caso do arresto do "Libertad", navio-escola da Marinha.
A justiça de Gana rejeitou na quinta-feira passada a solicitação da Argentina para liberar a fragata arrestada em um porto na região de Acra desde 2 de outubro a pedido de fundos especulativos que exigem o pagamento de bônus soberanos em default. Entre 2005 e 2010, a Argentina refinanciou e normalizou com credores 93% da dívida declarada em default em 2001, por quase 100 bilhões de dólares, mas há bônus remanescentes em mãos de fundos especulativos que querem recuperar 100% da dívida mais juros litigando nos tribunais.
Os dois oficiais da Marinha foram afastados por sua decisão de na 43; viagem de instrução do Libertad optarem "por uma escala no porto de Tema", na região de Acra. Um dos acusados, até então diretor-geral de organização da Marinha, Alfredo Mario Blanco, foi o responsável pela alteração do roteiro da fragata, por "razões operacionais". Também foi afastado o secretário-geral da Marinha, almirante Luis González.
A viagem anual de instrução, com uma tripulação de mais de 200 militares, incluindo estrangeiros convidados, previa escalas em vários pontos da América Latina, Europa e África. Em 2011, a fragata atracou apenas em portos latino-americanos para evitar problemas, segundo a imprensa argentina.