Damasco - O mediador da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, pediu nesta segunda-feira (15/10) uma trégua durante a próxima grande festa muçulmana de Al-Adha, no fim de outubro, no início do vigésimo mês da explosão de uma rebelião que se converteu em guerra civil e que deixou ao menos 33.000 mortos.
Brahimi, em giro regional, fez seu chamado quando prosseguem os violentos combates entre rebeldes e tropas do regime de Bashar al-Assad e em meio às divisões entre Ocidente e Rússia, aliada de Damasco, sobre como sair da crise. O conflito também ameaça se estender. A Síria está em uma forte crise com a vizinha Turquia - que apoia a rebelião e abriga mais de 100.000 refugiados sírios - desde a morte, no dia 3 de outubro, de cinco civis turcos atingidos por um obus sírio perto da fronteira.
Diante da determinação do governo sírio de esmagar os rebeldes, a quem chama de terroristas, a União Europeia impôs novas sanções ao regime, ao congelar fundos dos 28 partidários de Assad e de duas empresas. Em uma visita a Teerã na qual se reuniu no domingo com o presidente Mahmud Ahmadinejad, principal aliado de Assad, Brahimi "convocou as autoridades iranianas a ajudar na implementação de um cessar-fogo na Síria durante o Aid Al-Adha, uma das festas mais sagradas realizadas pelos muçulmanos em todo o mundo", segundo um comunicado divulgado nesta segunda-feira por seu porta-voz.
A festa de Al-Adha, conhecida como Festa do Cordeiro ou Festa do Sacrifício e que termina com os ritos da grande peregrinação muçulmana à Meca, na Arábia Saudita, será realizada neste ano no dia 26 de outubro e durará três dias. Brahimi, emissário da ONU e da Liga Árabe, "ressaltou a urgência de colocar fim ao banho de sangue" e reiterou "o chamado de Ban Ki-moon para um cessar fogo e para o fim do fluxo de armas", segundo o texto. Esta trégua "favoreceria um ambiente que permita um processo político para evoluir".
Mobilização de uma força de paz?
No dia 10 de outubro, o regime sírio rejeitou um pedido do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que havia exigido uma trégua e pediu às forças de oposição que a respeitassem. Segundo Ahmad Ramadan, um funcionário do Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal instância da oposição no exílio reunida no Qatar, "uma das ideias consideradas, no âmbito de uma iniciativa política, é a mobilização de forças de manutenção da paz, mas esta questão ainda está em estudo".
O secretário-geral do CNS, que reúne 35 pessoas, debate na capital do Qatar sob a presidência de seu chefe, Abdel Baset Sayda, "a situação na região, a situação política e o problema dos refugiados", segundo Ramadan.