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Consulado americano atacado em Benghazi tinha falha de segurança

Washington - Dois ex-responsáveis de segurança em instalações diplomáticas americanas na Líbia admitiram nessa quarta-feira (10/10) que o nível de proteção no consulado de Benghazi era insuficiente antes do ataque que matou quatro funcionários americanos, incluindo o embaixador Christopher Stevens, no dia 11 de setembro passado.

Três responsáveis do Departamento de Estado e um oficial da Guarda Nacional depuseram durante quatro horas em uma comissão parlamentar dirigida pela maioria republicana na Câmara de Representantes.

[SAIBAMAIS]O coronel Andrew Wood reconheceu diante do Comitê de Supervisão e Reforma Governamental da Câmara que a segurança em Benghazi "sempre foi uma dor de cabeça" enquanto esteve lá, entre fevereiro e agosto de 2012. "A segurança diplomática era fraca", admitiu o militar, que era encarregado da proteção da embaixada dos Estados Unidos em Trípoli.



Segundo Wood, a presença da rede terrorista Al-Qaeda "cresce a cada dia". "Eles estão, certamente, mais estabelecidos do que nós" na Líbia.

O ex-responsável de segurança na Líbia para o departamento de Estado, Eric Nordstrom, revelou que "no lugar de receber os recursos que pedia, fui criticado e me disseram para fazer o possível com os meios existentes".

O funcionário contou que pediu a seu superior mais uma dezena de agentes de segurança para a Líbia, "porque acreditava que os talibãs estavam por lá, e ele me respondeu: ;você pede o sol, a lua, as estrelas;".

O coronel Wood destacou que a segurança em Benghazi não "parou de piorar" desde a primavera (boreal) de 2012, com um "aumento dos ataques dirigidos aos ocidentais". "O embaixador (Stevens) já havia sido objeto de ameaça pública no Facebook em junho, que revelava seu hábito de correr na região da embaixada em Trípoli".

O representante republicano Jason Chaffetz denunciou "o esforço decidido do departamento de Estado e da Casa Branca" para reduzir as medidas de segurança em Benghazi "com a intenção de passar uma imagem de ;normalização; na Líbia".

A chefe da segurança das 275 representações diplomáticas americanas no mundo, Charlene Lamb, respondeu que o departamento de Estado acreditava que naquele momento dispunha "de um número correto de forças em Benghazi".

O departamento de Estado admitiu que o ataque contra o consulado em Benghazi não teve ligação com o filme produzido nos Estados Unidos crítico ao Islã, que agitou os países muçulmanos em setembro.

Neste sentido, um funcionário revelou que há investigações sobre o envolvimento da Al-Qaeda do Norte da África no ataque contra o consulado em Benghazi, e sobre a possibilidade de a rede terrorista estar capitalizando o caos e a convulsão provocados pela "Primavera Árabe".

A diplomata americana nas Nações Unidas, Susan Rice, havia afirmado no dia 16 de setembro que o ataque em Benghazi não era "organizado ou premeditado", e sim resultado de uma aglomeração "espontânea" surgida contra o filme "A Inocência dos Muçulmanos".