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Pyongyang ameaça EUA após acordo que triplica alcance de mísseis de Seul

Washington - A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (9/10) que possui mísseis capazes de atingir o território americano após a divulgação de um acordo entre Estados Unidos e Coreia do Sul para triplicar o alcance dos mísseis sul-coreanos.

Em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias norte-coreana KCNA, o porta-voz da Comissão de Defesa Nacional da Coreia do Norte declarou que seus mísseis estratégicos têm alcance "não apenas para atingir as forças americanas na península coreana, mas também no Japão, em Guam e até no território dos Estados Unidos".

"As cláusulas deste acordo são uma resposta prudente, proporcional e específica à ameaça de mísseis balísticos por parte da Coreia do Norte", declarou um alto funcionário do departamento de Estado.

Pouco depois, uma autoridade americana indicou que o acordo anunciado no domingo triplica o alcance dos mísseis sul-coreanos.

As novas diretrizes "estão projetadas para melhorar a capacidade (da Coreia do Sul) para se defender contra os mísseis balísticos da RDPC (República Democrática Popular da Coreia, nr)", indicou o funcionário por e-mail, acrescentando que os líderes mundiais alertaram há tempos para o programa de mísseis de Pyongyang.

A Coreia do Sul anunciou domingo um acordo com os Estados Unidos com o qual se tornava capaz de lançar mísseis com um raio de ação de 800 quilômetros, muito acima do limite atual de 300 km.

O alcance não só permitirá alcançar todo o território da Coreia do Norte com foguetes de Seul, como também parte da China e do Japão.

A Coreia do Norte reagiu ao novo acordo, considerado por suas autoridades uma provocação de guerra, suscitando a preocupação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que considerou "preocupante" o anúncio de Pyongyang.

O regime de Pyongyang indicou que está pronto para enfrentar qualquer inimigo com "capacidade nuclear contra capacidade nuclear, míssil contra míssil".

"Trata-se de uma declaração preocupante, que apenas vai agravar a tensão", declarou à AFP Ban Ki-Moon, que, no entanto, reconheceu não ter informações que permitam averiguar a credibilidade desta ameaça.

"Este não é o caminho para ganhar a confiança da comunidade internacional", considerou ainda Ban Ki-moon, pedindo que Pyongyang contribua para reduzir a tensão e volte à mesa de negociações.

[SAIBAMAIS] Vários especialistas sul-coreanos entrevistados pela AFP acham que a advertência de Pyongyang é "um enésimo blefe" da Coreia do Norte, que foi de fracasso em fracasso em seus esforços para desenvolver mísseis intercontinentais.

"Não existe prova alguma de que a Coreia do Norte tenha testado com êxito um míssil de alcance suficiente para atingir o território norte-coreano", explicou Yun Duk-Min, professor da Academia Nacional de Diplomacia de Seul.

Segundo ele, Pyongyang tenta "levantar o ânimo de seu Exército e unir os norte-coreanos em torno de Kim Jong-Un".

"O Exército norte-coreano sofre uma queda da disciplina e o descontentamento popular cresce por causa do agravamento da crise alimentar depois das catástrofes naturais deste verão", acrescentou Yun em referência à seca seguida de inundações, que prejudicaram as colheitas.

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A Coreia do Norte tenta desenvolver um míssil intercontinental, o Taepodong-2, mas até o momento os testes não foram bem-sucedidos.

Em abril passado, os norte-coreanos fracassaram em colocar um satélite em órbita com um foguete, em uma operação que os Estados Unidos e a ONU qualificaram de teste disfarçado de um míssil Taepodong-2 de três estágios.