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Duplo atentado suicida é realizado contra serviços de segurança na Síria

Beirute - Dezenas de pessoas morreram em um duplo atentado suicida com carros-bomba contra uma sede dos serviços de inteligência da Força Aérea da Síria próxima a Damasco, indicou nesta terça-feira (9/10) o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

"Dezenas de pessoas morreram no ataque contra a sede dos serviços de inteligência, e ignora-se o destino de centenas de prisioneiros que se encontravam ali", afirmou o diretor do OSDH, Ramin Abdel Rahman, sem fornecer um balanço aproximado. No entanto, uma fonte dos serviços de segurança sírios assegurou que os atentados foram frustrados, embora um dos veículos tenha explodido nas proximidades do edifício militar, deixando um número indeterminado de pessoas feridas. Até o momento não houve uma manifestação oficial sobre o ataque na localidade de Harasta, 10 km a nordeste de Damasco.

Segundo Rahman, a sede atacada é o maior centro de detenção da província de Damasco. "Considero responsável pelo destino dos detidos não apenas os que realizaram o ataque, mas também o regime, que tem em suas prisões milhares de prisioneiros", acrescentou. De acordo com a fonte, as duas explosões ocorreram na noite de segunda-feira com cerca de 20 minutos de diferença, e um dos carros utilizados estava pintado como uma ambulância. Depois dos atentados, ocorreram tiroteios que duraram mais de cinco horas.

A Frente al-Nosra, um grupo extremista islamita próximo à Al-Qaeda, reivindicou o ataque em uma mensagem na rede social Facebook. "Conforme a nossa decisão de atacar a infame sede dos serviços de inteligência da força aérea, que é uma cidadela da tirania, um veículo repleto de nove toneladas de explosivos, conduzido pelo herói mártir Abuzor al-Shami, destruiu o imóvel", escreveu o grupo. "Posteriormente, 25 minutos depois, outro herói mártir, Abu Yehya al-Chami, detonou uma ambulância transportando uma tonelada de explosivos que conduzia para destruir o resto da sede e matar os sobreviventes", acrescenta o texto.

[SAIBAMAIS]"Em seguida, nossos combatentes dispararam obuses contra o que restava da sede", acrescentou a Al-Nosra, que reivindicou a maioria dos atentados no país, entre os quais um duplo ataque em Damasco em maio que deixou 55 mortos. Os meios de comunicação oficiais não informaram sobre os atentados de segunda-feira. Nesta terça-feira, o exército desviou a rota que vai de Damasco a Homs para impedir que os motoristas vejam o estado do edifício atacado, situado nas proximidades da estrada.



Diante da escalada da violência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, convocou o regime sírio a decretar um cessar-fogo unilateral e pediu para as forças da oposição respeitarem a trégua. Ban fez seu apelo durante uma coletiva de imprensa junto ao presidente francês, François Hollande, em Paris. Por sua vez, em Aleppo, nesta terça-feira os bombardeios do exército foram dirigidos contra os bairros de Al-Kalassé e Bustan el-Qasr. Na região de Idleb, perto da fronteira turca, ocorriam violentos combates no povoado de Arkuch.

Quatro rebeldes e uma criança morreram nesta terça-feira em bombardeios e confrontos em Maaret al-Nooman, segundo Ramin Abdel Rahman. Os bombardeios também reiniciaram na manhã desta terça-feira em Homs e Qusseir, bastião rebelde vizinho, em uma tentativa do exército de esmagar os focos de resistência. Segundo o OSDH, 176 morreram na segunda-feira, das quais 79 civis, 40 rebeldes e 57 soldados. O maior número de vítimas foi computado em Maaret al-Nooman, onde faleceram 12 rebeldes e 10 civis, dos quais seis mulheres e 3 crianças.

Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, havia classificado como "extremamente perigosa" a escalada do conflito entre Síria e Turquia. Ban fez estas declarações na inauguração do primeiro "Fórum mundial da democracia", onde participam milhares de dirigentes políticos, especialistas e militantes em Estrasburgo (leste da França). Em várias ocasiões, a Síria bombardeou os povoados limítrofes na Turquia, provocando uma resposta por parte do exército turco.