"A outra opção teve mais votos que nós, assim é a democracia, mas obtive a confiança de milhões de venezuelanos e seguirei trabalhando por este caminho para os venezuelanos (...). Mais de seis milhões pensam que as coisas podem ficar muito melhor", destacou o líder da oposição, de 40 anos. "Peço hoje a quem manteve o poder que respeite, considere a quase metade do país que não está de acordo com seu governo", concluiu Capriles. Jorge Rodríguez, lider da campanha de Chávez, disse que esta foi, sem qualquer dúvida, a eleição mais disputada da história da Venezuela".
A presidente argentina, Cristina Kirchner, e seu colega equatoriano, Rafael Correa, foram os primeiros líderes estrangeiros a felicitar Chávez. "Hugo, quero lhe dizer que você arou a terra, semeou, regou e hoje fez a colheita", escreveu Kirchner no Twitter. Também no Twitter, Correa disse: "Chávez vencedor com quase 10 pontos de vantagem! Viva a Venezuela! Viva a Pátria Grande! Viva a Revolução Bolivariana". Mariela Castro, filha do líder cubano Raúl Castro, antecipou a vitória cerca de uma hora antes do resultado oficial ao postar: "a América Latina está em festa com a vitória de Chávez garantindo unidade e paz na região".
As seções eleitorais fecharam suas portas às 18h local (19h30 Brasília), ao final de uma votação sem maiores incidentes, mas a eleição prosseguiu por algumas horas onde havia filas. Os venezuelanos votaram com um sistema 100% informatizado de urnas eletrônicas. Chávez votou no bairro 23 de Janeiro, conhecido bastião da esquerda em Caracas, acompanhado por personalidades da esquerda e prometendo "reconhecer os resultados" da eleição, na qual conquistou seu quarto mandato consecutivo.
O presidente estava acompanhado de personalidades da esquerda, como a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, a prêmio Nobel da Paz e dirigente indígena Rigoberta Menchú, o nicaraguense Miguel D;Escoto, ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, a senadora uruguaia Lucía Topolansky e o ator americano Danny Glover. Capriles votou durante a tarde em Las Mercedes, na região de Caracas, afirmando que "a vontade do povo seria respeitada". O general Wilmer Barrientos, encarregado dos 139.000 militares mobilizados no país, não relatou qualquer anormalidade. Chávez chegou às eleições prometendo aprofundar sua "revolução socialista", enquanto Capriles ofereceu um modelo baseado no brasileiro, conciliando os setores público e privado.
O tenente-coronel da reserva, que sempre cresceu nas adversidades, fez uma campanha limitada, inclusive com ausências intermitentes, devido a um câncer recém-curado. Chávez se esforçou para deixar para trás as incertezas causadas pelo câncer, que nunca teve a gravidade revelada. Ele declarou estar livre da doença em julho passado, um ano após o diagnóstico, mas também advertiu que não seria o presidente hiperativo e onipresente do passado. Mas esta aparente fraqueza não ofuscou o líder impetuoso, ousado e provocador tão bem conhecido pelos venezuelanos desde 1992, quando liderou um golpe frustrado contra um desgastado sistema bipartidarista.
A tentativa o levou para a cadeia, mas também o tornou conhecido e em 1998 conquistou pela primeira vez a eleição presidencial. Desde então, foi reeleito em 2000 e em 2006, quando derrotou Manuel Rosales com 62% dos votos contra 37%, após um golpe contra ele (2002) e uma greve do petróleo (2003). Chávez tem agora mais seis anos para tornar "irreversível" seu sistema socialista e acelerar o Estado comunista, algo que os críticos veem como uma nova manobra para concentrar mais poder em suas mãos. Já é o comandante-em-chefe das Forças Armadas, presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), que tem maioria na Assembleia Nacional, e controla a mídia estatal.