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Chávez e Capriles fazem eleição mais disputada da história da Venezuela

Caracas - A Venezuela votou neste domingo para decidir entre a manutenção do presidente Hugo Chávez e a mudança com o jovem candidato opositor Henrique Capriles Radonski, em uma eleição já qualificada como a mais disputada da história do país.

"Vamos esperar os resultados com paciência, calma e disposição para reconhecê-los. Quaisquer que sejam, representarão, sem dúvida, a vitória desta pátria", disse Chávez por telefone durante uma entrevista coletiva do chefe da campanha governista, Jorge Rodríguez.

"Calma, paciência, que ninguém se desespere, que ninguém caia em provocações, nada de violência, vamos esperar os resultados", insistiu Chávez.

Segundo Jorge Rodríguez, "com base nas análises realizadas pelo Comando Carabobo (governista), esta foi, sem qualquer dúvida, a eleição mais disputada da história da Venezuela".

Capriles também pediu, no Twitter, que seus partidários tenham "calma, cordura e paciência". "Hoje foi um dia histórico, grandioso, no qual o povo falou. Sabemos o que aconteceu e devemos esperar. Viva a Venezuela".

As seções eleitorais fecharam suas portas às 18H00 local (19H30 Brasília), ao final de uma votação sem maiores incidentes, mas onde há filas o pleito prossegue, informou a presidente do CNE, Tibisay Lucena, destacando que só divulgará o primeiro boletim "quando os resultados forem irreversíveis" e estiver claro quem é o ganhador.

Os venezuelanos votaram com um sistema 100% informatizado de urnas eletrônicas.

Chávez votou em Caracas ao meio-dia, acompanhado por personalidades da esquerda e prometendo "reconhecer os resultados" da eleição, na qual tenta seu quarto mandato consecutivo.

"Reconheceremos o resultado, qualquer que seja (...), por um voto de diferença ou por três milhões de votos. Os atores políticos responsáveis devem reconhecer os resultados diante de um sistema eleitoral absolutamente transparente", disse Chávez ao votar no Colégio Manuel Palacios Fajardo do bairro 23 de Janeiro, conhecido bastião da esquerda.

"Há muita gente na fila, bom sol, bom clima, graças a Deus. Há muita gente e isto é muito positivo, uma democracia madura", disse Chávez antes de atender aos jornalistas, nacionais e internacionais.

Chávez estava acompanhado de personalidades da esquerda latino-americana, como a ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, a prêmio Nobel da Paz e dirigente indígena Rigoberta Menchú e o nicaraguense Miguel D;Escoto, ex-presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O presidente também recebeu o apoio pessoal do jornalista espanhol Ignacio Ramonet, da senadora uruguaia Lucía Topolansky e do ator americano Danny Glover.

Capriles votou durante a tarde em Las Mercedes, na região de Caracas, afirmando que a vontade do povo será respeitada nestas eleições.

"Acatarei o que o povo disser hoje", destacou o ex-governador do estado de Miranda após votar às 14H30 local (16H00 Brasília), em Las Mercedes, no município de Baruta, do qual foi prefeito.

"O que o povo disser hoje é sagrado para mim, quem participa deste processo aceita as regras", disse Capriles ao recordar sua carreira política como governador, prefeito e presidente da extinta Câmara dos Deputados como líder do partido democrata cristão COPEI.

O candidato convocou todos os venezuelanos a não perder a oportunidade de votar e pediu ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que divulgue os resultados o mais rápido possível.

"A primeira pessoa que vou contactar após saber dos resultados será o presidente da República. Assim tem que ser, este é o exemplo", destacou Capriles.

O campo chavista se mobilizou de madrugada com seu tradicional toque de despertar por todo o país. Sua estratégia foi garantir que a campanha 1X10 funcionasse: cada militante deveria estimular pelo menos dez pessoas a votar.

Já a oposição pediu o "um mais dois": todo aquele que votou em suas primárias de fevereiro deveria convencer outras duas pessoas de apoiar Capriles.

O general Wilmer Barrientos, encarregado dos 139.000 militares mobilizados no país, não relatou qualquer anormalidade. "Há alguns pequenos detalhes que estamos resolvendo", disse à rede oficial VTV.

"Acordei cedo porque vim depositar meu voto pelo futuro presidente outra vez, que vai vencer praticamente com dois ou três milhões de votos de vantagem", disse à AFP o chavista Julio Urbina, em um centro de votação do bairro popular de Petare, em Caracas.

Outro eleitor, Miguel de Vares, de 29 anos, disse diante de um centro de votação no bairro de Chacao que "as pessoas estão buscando algo diferente" nestas eleições.

"Acho que se não houver resultados em coisas básicas, como insegurança, é melhor confiar (o governo) a outra pessoa", disse.

Chávez, de 58 anos e desde 1999 no poder, chegou às eleições na liderança da maioria das pesquisas, embora Capriles, de 40 anos e ex-governador do populoso estado de Miranda (norte), tenha diminuído a distância que o separa do presidente.

O presidente do país com as maiores reservas de petróleo mundiais prometeu aprofundar sua "revolução socialista" em caso de vitória.

Capriles ofereceu um modelo baseado no brasileiro, que concilie os setores público e privado, e acabar com a forma personalista de governar de Chávez, que concentra um grande poder em suas mãos e exerce um controle absoluto sobre os meios de comunicação estatais.

Além de Capriles e Chávez, os únicos com chances reais de vencer as eleições, concorreram outros quatro candidatos: os sindicalistas Orlando Chirinos e Reina Sequera, o engenheiro Luis Reyes e a padeira María Bolívar.