A insegurança, o desemprego, o abuso de poder e a "oferta" de dinheiro a outros países, enumerou, são suas razões para ter mudado de opinião seis anos depois e defender a proposta de Capriles nas eleições de domingo. Contudo, alertou, "o mais importante é unir os venezuelanos, porque estamos como cães e gatos graças ao clima de divisão em que o presidente nos colocou".
Em mais de uma hora no palanque, provavelmente o discurso mais longo de seus três meses de campanha, Capriles se concentrou em tentar convencer os indecisos e chavistas a votar em seu projeto "progressista", enquanto mostrou sua face mais desafiadora ante Chávez, que reconheceu como um "grande adversário". "Quero dizer ao presidente Chávez: seu ciclo termina, eu agradeço infinitamente de coração pelo senhor ter me permitido ver claramente o rumo que temos que tomar, o rumo do amor e não do ódio", disse o candidato opositor, que raramente citou diretamente o presidente em seus atos anteriores.
"No domingo abriremos a porta ao futuro", acrescentou diante dos vivas do público, que às vezes o interrompiam com um dos slogans da campanha opositora: ";Se vê, se sente, Capriles presidente". Daisy Ocanto, uma professora aposentada o admirava: "Gosto de sua sinceridade e de seu grande amor a Deus, tem tanta paz e alegria", disse.
"Sei que não será o melhor presidente, mas queremos uma mudança e já basta de Chávez", disse Andy Sánchez, um estudante de 19 anos. Entre a multidão, um cartaz dizia "para os socialistas há um caminho", um pedido aos seguidores de Chávez para que se juntassem ao "ônibus do progresso" conduzido por Capriles. O lema de sua campanha "Há um caminho" se multiplicava em pulseiras, cartazes e camisas.
Também entoavam canções: Cada vez são milhares / e milhares e milhares / Cada vez são milhares / que estão com Capriles. Como em outras ocasiões, Capriles comparou sua campanha à "luta de Davi contra Golias", acusando Chávez de usar recursos públicos e os meios de comunicação estatais com fins eleitorais.
Os seguidores vestiam camisas e agitavam bandeiras dos diferentes partidos que apoiam Capriles, a aposta mais sólida da oposição para derrotar Chávez, depois de sua vitória nas inéditas primárias em fevereiro. A concentração em Barquisimeto encerrou um dia que também contou com atos nos estados de Apure e Cojedes (oeste), colocando um ponto final a uma frenética campanha que levou Capriles a mais de 300 cidades e que ele mesmo considerou "admirável" e "heróica".
"Nunca pensei que ia despertar nosso povo da meneira que despertamos", disse na quinta-feira. O líder opositor chega às eleições abaixo de Chávez na maioria das pesquisas, apesar de, nas últimas semanas, ter conseguido reduzir a brecha que o separa do presidente.